Mannerheim ordena a
retirada
Na noite do dia 14 de fevereiro, o
Marechal Mannerheim convocou uma reunião de todos os comandantes das unidades
empregadas no Ístmo da Carélia. Durante várias horas os oficiais discutiram
calorosamente sobre como fazer para salvar o exército do Ístmo de uma completa
destruição.
A dramática conferência realizou-se no
posto de comando do general Oestermann, situado a sete quilômetros da frente de
combate. À distância, retumbava o incessante fogo da artilharia russa.
Os chefes dos regimentos que combatiam
na primeira linha pronunciaram-se, na maioria, por uma retirada geral das
unidades do setor ocidental e central para uma nova posição situada ao norte do
porto de Viborg. Sabia que as suas tropas estavam no limite da capacidade de
resistência e que os dizimados batalhões não demorariam em desintegrar-se ante
os demolidores ataques soviéticos.
O chefe do estado-maior, entretanto, se
opôs a essa retirada, pois considerava que se poderia organizar a defesa ao sul
de Viborg, salvando assim estratégico porto.
O
Marechal Mannerheim não tomou, nessa noite, nenhuma decisão. Abrigava ainda há
esperança de conter a ofensiva soviética, mediante o contra-ataque de duas
divisões de reforço que se achavam em marcha, vindas do Norte. Essas unidades,
porém, tardaram demais, porque os trens que os conduziram foram atacados pelos
aviões russos e elas tiveram que desembarcar e percorrer até os últimos 100
quilômetros que as separavam da frente.
Em 15 de fevereiro, Timoshenko redobrou
os ataques na cunha aberta ao leste de Suma e a penetração estendeu-se até o
ponto limite da ruptura.
Jornal da época informado que os russos estão se aproximando das principais estradas de Viborg. |
Mannerheim compreendeu que chegará ao
fim. No dia 15, ordenou a retirada dos exércitos do setor ocidental e central
do Ístmo para a posição defensiva situada no Sul de Viborg. Deslocando-se
durante a noite, através dos bosques e pântanos gelados, os finlandeses
conseguiram alcançar sem dificuldade a segunda linha de resistência.
Ao amanhecer do dia 17 de fevereiro, os
soldados soviéticos descobriram que os finlandeses tinham abandonado a linha
Mannerheim. Timoshenko, sem demora, ordenou avançar e, nessa mesma tarde, as
suas forças tomaram contato com uma nova posição. Os russos lançaram-se
imediatamente ao ataque, mas, foram rechaçados.
Dois soldados soviéticos mortos com o frio incessante da Finlândia |
A batalha
final
Depois de três dias de violentos
combates, Timoshenko compreender o que os finlandeses, mesmo depois de terem
perdido os lances principais da linha Mannerheim, ainda estavam em condições de
prosseguir a luta.
A primavera estava próxima e, com o
degelo, os milhares de lagos e pântanos se tornariam insuperáveis obstáculos
para o deslocamento dos tanques e veículos motorizados. Por isso, o Marechal
Voroshilov procurou terminar rapidamente a campanha influenciou as forças
finlandesas no Ístmo, atacando-as pela superfície gelada do Golfo da Finlândia.
Os russos contavam com uma vantajosa
posição de partida, pois, nos primeiros dias de guerra, se haviam apoderado das
ilhas de Sursari, Lavansari e Seiskiari, a menos de 50 quilômetros da costa
finlandesa. Nessas Ilhas, concentraram os efetivos para o ataque. Além disso,
propunham se passar a Baía de Viborg, que estava coberta também por uma camada
de gelo, de um a dois metros de espessura.
Como prelúdio a ofensiva, duas divisões
russas atacaram a fortaleza de Koivisto, na margem meridional da Baia de
Viborg, e, após três dias de violentos combates, desalojaram a guarnição. Em 25
de Fevereiro, os russos internaram-se na Baía, precedidos por fortes formações
de tanques. Da Costa setentrional, os finlandeses romperam fogo com os seus
canhões de 30,5 centímetros. As gigantescas granadas, ao explodir, abriram
enormes sucos no gelo, pelos quais desapareceram, afundando-se nas águas
geladas, companhias inteiras de soldados em centenas de tanques e caminhões.
Tanque T-26 avançando pelo Ístmo da Carélia |
Em 1º de março, os russos
estabeleceram-se ao longo da costa setentrional e ali concentraram a sua
artilharia. Três dias mais tarde, começou o ataque. Seis divisões lançaram seu
assalto contra as trincheiras, defendidas por 12 batalhões de soldados
finlandeses.
Nesse mesmo dia, os russos avançaram
pela primeira vez através do Golfo da Finlândia. Em sucessivas ondas, atacaram
os redutos da costa defendida por 5 batalhões finlandeses, apoiados por
unidades de milicianos. Novamente, foram derrotados. Para reforçar as suas
divisões, os soviéticos abriram caminho através da neve que cobre a superfície
gelada do Golfo, com uma camada de 2 metros de espessura. E foi através dessas
improvisadas estradas, que se deslocaram tanques, caminhões e tratores, levando
peças de artilharia e trenós, carregados de soldados e munições.
Ante tão gigantesco avanço de forças, a
Finlândia teria inexoravelmente de sucumbir.
Em 7 de Março, duas divisões soviéticas
alcançaram a margem setentrional da Baía de Viborg. Timoshenko concentrou a sua
artilharia nesse setor e desencadeou um bombardeio infernal. Dois dias depois,
os russos aprofundaram a cabeça-de-ponte e cortaram com fogo dos seus canhões o
caminho entre Viborg e Helsinki.
Cidade de Helsinki em chamas com os ataques soviéticos |
No Ístmo da Carélia, 10 divisões russas, apoiadas por duas brigadas de tanques, conseguiram romper as linhas finlandesas e abriram uma brecha de 20 quilômetros de extensão ao leste de Viborg. Lutando desesperadamente, as tropas de Mannerheim empreenderam a retirada. Em 3 de Março, seis divisões soviéticas lançaram-se contra Viborg e travaram furiosos combates com sobreviventes de três regimentos finlandeses.
Mannerheim
e os seus generais compreenderam que a guerra estava definitivamente perdida. O
exército finlandês esgotará totalmente a sua capacidade combativa.
Referências
bibliográficas:
Texto integral da obra: A segunda guerra
mundial, Editora Codex S.A. Copyright 1965/66.
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