Inglaterra e França entram
na guerra
Na manhã do dia 3 de setembro de 1939,
quando as forças polonesas lutavam desesperadamente contra a Wehrmacht, o embaixador britânico em Berlim, Sir Nerville Henderson, entrou no escritório de
von Ribbentrop, ministro das relações exteriores do Reich.
Na ausência deste, o diplomata foi
recebido pelo Doutor Paul Schmidt, intérprete pessoal de Hitler. Henderson
saudou-o friamente e, sem maiores formalidades, leu, com voz grave e Solene, a
nota do seu governo, que era um ultimato final: Chamberlain comunicado a Hitler
que, a partir das 3:00 horas da tarde desse dia, a Grã-Bretanha entraria em
guerra com a Alemanha, se a Wehrmacht não cessasse imediatamente o seu ataque a
Polônia e evacua-se os territórios conquistados.
Neville Chamberlain, Paul Schmidt e Adolf Hitler |
Declaração de Chamberlain
Londres,
1º de setembro de 1939
Em sensacional
declaração na Câmara dos comuns, o primeiro ministro Chamberlain, expôs com
toda firmeza a posição da Inglaterra ante o fato consumado do ataque alemão a
Polônia e expressou que á Grã-Bretanha cumpriria os seus compromissos para com
esse país ao pé da letra. Disse Chamberlain:
“Não
tenho o propósito de entregar muitas palavras esta noite. Chegou a hora da ação
(aplausos), em vez de limitarmo-nos a falar.
Não
deixamos passar por alto nenhum meio de fazer ver ao governo alemão, tão claro
como a água, que se insistisse em entregar de novo a força como o fez
anteriormente, oporíamos pela força, segundo havíamos resolvido.
Agora,
que todos os documentos mais importantes que fizeram públicos,
apresentaremos perante a história sabendo que a responsabilidade desta
terrível catástrofe recai sobre os ombros de um só homem (grandes aplausos).
Não
temos nenhuma queixa contra o povo alemão (aplausos), exceto que permite ser
dirigido por um governo nazista. Enquanto existir esse governo e utilizar os
métodos que se vanglória nos últimos anos, não haverá paz na Europa (aclamações).
Estamos
resolvidos a pôr fim a esses métodos e se na luta pudermos restabelecer no mundo
as normas de boa-fé e da renúncia a força, os sacrifícios que estão chamados a
realizar encontraram a sua melhor justificativa”.
Terminada a leitura, Henderson entregou
uma cópia do documento Schmidt e retirou-se. Sem perder um instante, Schmidt
dirigiu-se a chancelaria do Reich e entrou no escritório de Hitler. Este
achava-se sentado frente uma grande janela, acompanhado por Ribbentrop. Schmidt
traduziu apressadamente a nota britânica. Ao terminar, a sala ficou em absoluto
silêncio Hitler, finalmente, pós-se de pé e perguntou a Ribbentrop com voz ameaçadora:
- E agora, que mais?
O
Submisso Ministro respondeu: Suponho que
os franceses entregaram um ultimato semelhante, dentro de uma hora.
Pouco
depois do meio-dia, o embaixador francês Robert Coulondre entregou a Ribbentrop
ultimato do seu governo. Assim, 21 anos depois do término da primeira guerra
mundial, a Grã-Bretanha, a França e a Alemanha lançavam-se novamente a luta. A Europa e o mundo não tardariam em se ver envolvida no conflito.
Sir Neville Henderson e Joachim von Ribbentrop
Declaração de Hitler
Berlim,
1º de setembro de 1939
Hitler pronunciou o seguinte discurso no Reichstag,
em sessão extraordinária, convocada pelo Marechal Goëring:
“Membros
do Reichstag Alemão: durante meses temos sofrido a tortura que o Tratado de
Versalhes, para melhor dizer o ditado de Versalhes, nos deixou. Problema que,
como a sua evolução, tornou-se insuportável para nós.
Pelo que diz respeito aos nossos objetivos,
primeiramente, estou resolvido a solucionar o problema de Dantzig; em segundo
lugar, o problema do "corredor"; em terceiro, conseguir que mudem as relações
germano-polonesa de tal forma que torna impossível a convivência pacífica. Por
isso, estou resolvido a lutar até que o governo polonês se mostre disposto a
facilitar esse estado de coisas ou até que outro governo polonês se mostre
disposto a isto.
Portanto, vestir novamente o uniforme que em
outra ocasião foi para mim o mais sagrado e querido. Só o despirei depois da
vitória, ou nunca chegarei ao fim.
Portanto, quero assegurar ao mundo inteiro que
novembro de 1918 não voltará a se repetir na história alemã.
…
e quero terminar com a declaração que fiz uma vez, quando comecei a lutar pelo
poder. Disse então que quando a nossa vontade fosse tão forte que nem uma
calamidade amedrontasse, nossa vontade e nosso aço poderiam impor-se a qualquer
situação de constrangimento.
No
caso de me ocorrer algo durante a luta, meu sucessor será o camarada do partido,
Marechal Goëring; seu sucessor será Rudolf Hess. Eles prometeram a mesma
lealdade cega e a mesma obediência que me prometeram. No caso de suceder algo a
Hess farei que o Senado, por meio de uma lei, eleja seu sucessor entre os mais bravos.
”
Joseph Goebbels, Hermann Göring e Rudolf Hess |
O início da expansão
soviética
No dia 27 de setembro de 1939, Varsóvia
se entrega aos alemães, depois de ser bombardeada implacavelmente pela Luftwaffe.
A campanha da Polônia chega assim ao fim. Na tarde deste dia, aterrissa no
aeroporto de Moscou um gigantesco quadrimotor condor. Ao abrir a porta do
aparelho aparece, sorridente, o ministro das relações exteriores do Reich,
Joachim von Ribbentrop. Um grupo de funcionários soviéticos apresenta a cordial
boa vinda. Imediatamente, o ministro sobe no automóvel e parti a toda
velocidade até o Kremlin, onde o aguarda Stalin e Molotov, para concluírem as
negociações de partição da Polônia.
Complexo fortificado do Kremlin em Moscou |
A conferência no Kremlin se prolonga até
altas horas da noite. Ao finalizar a reunião, Ribbentrop se dirige a embaixada
alemã e envia um telegrama a Hitler, comunicando-lhe as pretensões soviéticas. Stálin está decidido a apoderar-se das nações bálticas, Estônia, Letônia e Lituânia, a fim de criar um cordão defensivo em torno das Fronteiras ocidentais
da URSS. Em contrapartida, oferece a Alemanha parte dos territórios que lhe
couberam com a repartição da Polônia, em troca da Lituânia. Estônia já cedera,
sob ameaça de invasão, à entregar a Rússia bases aéreas e militares.
Em 28 de Setembro Hitler respondia Ribbentrop,
comunicando-lhe que aceita a troca proposta por Stalin e, além disso, faz saber
o ministro que já ordenará a evacuação dos alemães residentes na Estônia,
Letônia e Lituânia, dessa maneira, dá caminho livre a expansão russa sobre as
costas do mar Báltico.
Uma vez obtida a aprovação de Hitler as
exigências soviéticas, Ribbentrop concluir rapidamente as negociações na
madrugada de 29 de setembro e firma com Molotov um tratado de amizade e limites. Uma
cláusula secreta determina a definitiva supressão da Polônia e das nações
bálticas como estados Independentes.
Chega agora a vez da Finlândia. Stalin,
valendo-se do apoio alemão, resolve exigir-lhe também a entrega de bases e territórios.
Referências
bibliográficas:
Texto integral da obra: A segunda guerra
mundial, Editora Codex S.A. Copyright 1965/66.
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