segunda-feira, 30 de maio de 2016

WWII (Parte 7) - Varsóvia resiste, nem tanto

Varsóvia resiste

Ás 5:00 da Tarde do dia 8 de setembro, os tanques da divisão Panzer 1 chegaram aos subúrbios de Varsóvia. O seu chefe, General Schmidt, estava certo de apoderar-se da velha Capital em poucas horas. Não contava, entretanto, com a heroica resistência que os habitantes lhe ofereciam. Três tanques alemães avançam lentamente pelas ruas desertas. De repente, um grupo de escoteiros lhes sai ao encontro. Surpresos, os alemães não fazem fogo. Dois garotos, tomando um dos fios elétricos da rede dos Bondes que jazem sobre o solo, aproxima-se correndo de um dos enormes veículos e jogam o fio sobre o motor quente. Ao produzir se o contato, o tanque se incendeia.
Os outros blindados disparam as suas metralhadoras, mas, os escoteiros conseguem escapar. Acelerando a marcha, os tanques dirigem-se para a praça união de Lublin, uma das principais da capital. A multidão foge espavorida, mas, um chofer, com uma lata de gasolina, corre para um dos tanques e, lançando o inflamável, ateia-lhe fogo. Em poucos minutos, o veículo transforme-se em uma gigantesca fogueira. O outro tanque empreende a toda velocidade a retirada.
Episódios semelhantes repetem-se em todos os bairros sob a liderança de seu decidido e Valente Prefeito Stephane Starcynski, o povo de Varsóvia consegue assim rechaçar a primeira investida dos alemães.
Atrapalhado com essa Inesperada resistência, o general Schmidt decide distribuir as suas forças pelos arredores da capital e aguardar a chegada das unidades de Infantaria.

Prefeito de Varsóvia Stephane Starcynski

O aniquilamento do exército polonês

Na noite do dia 9 de setembro, o general Dab-Biernacki, Chefe do exército Prússia, chega à cidade de Brest-Litovsk. Sem demora, procura o Marechal Smigly-Rydz, que, dois dias antes, instala a ali o seu quartel-general. Os dois chefes apertam-se as mãos e, durante alguns segundos, permanecem em silêncio. Finalmente, Dab-Biernacki comunica ao seu superior a tremenda notícia.

- Marechal, está tudo perdido. Os alemães destruíram esta noite o meu exército, na margem direita do Vístula.

Smigly-Rydz, abatido, deixa-se cair em uma cadeira. O aniquilamento do exército Prússia põe fim às últimas esperanças de construir uma nova frente defensiva. Nada mais pode deter o avanço Alemão para Varsóvia. Dois dias antes, o Marechal dera a Dab-Biernacki a ordem de deslocar rapidamente as suas forças para o leste do Vístula, mas, em vertiginoso avanço, as divisões motorizadas de von Rundstedt envolveram pelo Norte e pelo Sul as divisões polonesas e fecharam na sua retaguarda uma mortal tenaz. Em 8 de Setembro, A Batalha terminava. As últimas três divisões do exército Prússia foram aniquiladas.

General polonês Dab-Biernacki 

A Wehrmacht, dando estrito cumprimento ao seu plano de campanha, empreendeu em seguida a destruição dos exércitos dos Generais Bortnowski e Kutrzeba, cujas unidades, que somavam mais da metade dos efetivos totais do exército polonês, ficaram isoladas a oeste do Vístula.
Na manhã de 10 de setembro, o general Kutrzeba, inicia um violento ataque para o sul, afim de golpear o flanco esquerdo da gigantesca Cunha lançada pelos alemães e conter o avanço dos blindados para Varsóvia.
Em 12 de Setembro, o general Kutrzeba e o general Bortnowski, realiza uma conferência às margens do Bzura. Ao Sudeste do Rio, os seus soldados sustentam desesperados combates com as tropas de von Blaskowitz, sobre o bombardeio incessante e Demolidor da artilharia e dos stukas. Em poucos minutos, os dois chefes tomam uma resolução extrema. Fracassou o ataque para o sul e, de todas as direções, convergem as forças alemães. Decidem sustar imediatamente ofensiva e empreender no dia seguinte a retirada para Varsóvia. Entretanto, já é tarde…

Criança polonesa sofre os horrores da guerra

O cerco estendido por von Rundstedt fecha-se inexoravelmente. As divisões Panzer 1 e 4, que se encontra em frente a Varsóvia, dá meia volta e dirigem-se a toda velocidade para o Bzura, afim de cortar, pelo Leste, a retirada dos poloneses. Do Norte, o quarto Exército de Kluge avança em marcha forçada e completa a barreira que, pelo Oeste e Sul, levantou o VIII Exército de von Blaskowitz. 16 de setembro, às 10:30 da manhã, os alemães iniciam o ataque. Os Panzer cruzam o Bzura e, aniquilando todas as forças que se colocam no seu caminho, alcançam até a localidade de Kiernoczie, situada no centro da gigantesca bolsa. A sorte dos exércitos poloneses está selada. No dia seguinte, os alemães recrudescem a violência da ofensiva.
Cai a noite pelos caminhos que vão ao leste, marcham, em meio ao caos indescritível, milhares de soldados poloneses sobre as margens do Bzura, chocam-se com os alemães e se desenrola uma luta Furiosa e Sangrenta. Duas brigadas de Cavalaria conseguem romper o círculo e evadir-se para Varsóvia, através dos espessos Bosques o general Kutrzeba, acompanhado por um grupo de Oficiais, consegue também chegar à capital. O General Bortnowski é feito Prisioneiro. Ao despontar do dia 18 de setembro, Luftwaffe lança todos os seus efetivos ao ataque. Com o rugido ensurdecedor, os stukas abatem-se sobre as indefesas colunas de soldados, metralhando os em Piedade poucas horas depois a batalha termina. Está destruído o grosso do exército polonês.

Referências bibliográficas:
Texto integral da obra: A segunda guerra mundial, Editora Codex S.A. Copyright 1965/66.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

WWII (Parte 6) - Próxima parada: Varsóvia

Rutura no Sul

Ao meio-dia de primeiro de setembro, o general Rundstedt, comandante-em-chefe do grupo de exércitos Sul , recebe a notícia de que as suas vanguardas conseguiram franquear o rio Wartha, primeiro obstáculo que se interpõe ao avanço.

         Sob o influxo combinado de 3 exércitos alemães - o VIII de von Blaskowitz, o X de von Reichenau e o XIV de von List - toda a frente Sul polonesa se desfaz entre os dias 1º e 3 de setembro. A Luftwaffe ataca incessantemente e consegue desarticular por completo a organização de retaguarda dos exércitos poloneses.

Depois de cruzar o Wartha, a divisão Panzer 4, comandada pelo General Reinhardt, avança à toda velocidade, pela estrada que conduz a Varsóvia. Em 2 de setembro, uma esquadrilha de bombardeiros poloneses realiza um desesperado ataque, mas, os velhos aviões se chocam com uma intransponível barreira de fogo antiaéreo. Em poucos minutos, os campos ficam iluminados com os restos flamejantes de 14 aviões poloneses. Os tanques alemães continuam o seu avanço.

Esmagando todas as forças que se interpõe a sua passagem, na manhã de 3 de setembro os alemães apoderam-se da cidade de Radomsky e, horas mais tarde, entram em Kamiensk. Com uma fulminante penetração, a divisão Panzer 4 consegue separar os exércitos poloneses do centro, dos que combatem no Sul.

Na noite de 3 de setembro, o Marechal Smigly-Rydz ordena que a sua principal força de reserva, o exército Prússia, se desloca imediatamente para o sul, a fim de bloquear o avanço dos blindados alemães que marcham sobre Varsóvia. O chefe polonês sabe que joga a sua última cartada. No dia seguinte, tem início a batalha decisiva. Os tanques de Reinhardt, em violentos combates, esmagam, uma após outra, três divisões de infantaria da Polônia e, na noite de 6 de setembro, ocupam a cidade de Tomaszow-Maz, situada a 100 quilômetros ao sul de Varsóvia. O caminho para a capital está aberto.

Por sua vez, a esquerda da divisão Panzer 4, a divisão Panzer 1, em união com as unidades do 8 exército do General Blaskowitz, infringem repetidas derrotas as divisões polonesas que defendem a cidade de Lodz. Desesperado, o general polonês Juliusz Rommel, chefe do referido setor, procura construir uma linha defensiva a poucos quilômetros a oeste da cidade, mas, os alemães, com incessantes ataques, obrigando a empreender a retirada, e na noite de 7 de setembro, apoderam-se de Lodz. Fica, assim, definitivamente aberta a brecha no caminho de Varsóvia.

Referências bibliográficas:
Texto integral da obra: A segunda guerra mundial, Editora Codex S.A. Copyright 1965/66.

segunda-feira, 23 de maio de 2016

WWII (Parte 5) - A batalha no corredor

Desencadeia-se a guerra relâmpago

Em meio à neblina que cobre as planícies da Pomerânia, avançam rugindo os tanques da divisão Panzer 3. À frente, marcha, num veículo blindado, o general Guderian, teórico e mestre da blitzkrieg. Chegou, finalmente, a hora de pôr em prática a sua revolucionária teoria da guerra mecanizada. O chefe alemão tem sobre o seu comando o 19º corpo blindado, integrado pela divisão Panzer 3, e as divisões motorizadas 2 e 20. A sua missão: cercar e aniquilar todas as forças polonesas dispostas no corredor de Dantzig.

Guderian junto a um tanque Tiger I


No mesmo instante em que os tanques de guerra transpõem a fronteira, o general polonês Bortnowski, chefe das forças localizadas no corredor, passeia nervosamente no seu posto de comando, na cidade de Torun. Seguindo as diretivas do marechal Smigly-Rydz, o grosso das suas forças estava no centro do corredor, com a ordem de lançar-se à conquista de Dantzig ao início das hostilidades. Esta operação coordenaria todas as divisões de Bortnowski ao aniquilamento. Em consequência, em 31 de agosto, o general ordenou as suas melhores divisões, a 13 e a 27 de Infantaria, retirar-se para o sul.

Em primeiro de setembro, as tropas da divisão 13 consegue embarcar de trem e fogem para o sul, sob os contínuos ataques dos stukas a divisão 27, entretanto, não consegue alcançar a ferrovia e tem de empreender a pé a retirada.

Caça Junkers Ju 87 - Stuka

Avançando a toda velocidade, Guderian chega na noite de 1º de setembro às margens do rio Vístula. O cerco está fechado! Para esse rio convergem, do Norte, as colunas da divisão 27. Nas primeiras horas do dia 2, em meio à escuridão, os poloneses tratam de abrir passagem, através da barreira de tanques. Não alcançam, entretanto, o seu objetivo. Os blindados rompem fogo e detém o seu avanço. Estabelece-se um caos indescritível nas fileiras polonesas as unidades, destroçados, perdem toda coesão e convertem-se em fácil presa dos tanques alemães. Tem lugar, então, um dos mais dramáticos episódios da campanha.

Pondo-se à frente dos seus Cavaleiros, o general Grzont -Skotnicki, chefe da brigada “Pomerânia”, desembainha a espada e lança-se a todo galope sobre os tanques alemães, numa desesperada tentativa de romper o cerco. Sem titubear, os seus soldados o seguem. Levantando gigantescas nuvens de poeira, a enorme massa de cavaleiros avança velozmente, espada e lança na mão, para os blindados. Horrorizados, os alemães procuram repelir o ataque heroico e terrível sacrifício conclui-se em poucos minutos. Um após o outro, os esquadrões são esmagados pelo implacável fogo dos canhões e metralhadoras. Alguns cavaleiros que conseguem atravessar a Mortífera barreira quebram, impotentes, as frágeis lanças contra o aço dos tanques.

Cavalaria polaca

Guderian

- Creia-me. Nunca veremos rodar os tanques alemães. A sua utilização não é mais que um projeto irrealizável.

Um entrechocar de botas e duas leves inclinações precedem o aperto de mão que selou a despedida do general Joachin Stülpnagel, chefe da 3ª divisão de infantaria e chefe do 3º grupamento de automóveis.

Corria a primavera do ano de 1931 e ainda faltava muito caminho a percorrer para a novíssima arma blindada. Na realidade, repetindo as palavras do General Stülpnagel, podia considerar-se que aquilo não era mais do que um projeto irrealizável. “Um projeto irrealizável. Não estou tão certo disso”. Provavelmente, essa foi a conclusão que aquela conversa provocou no espírito do jovem interlocutor de Stülpnagel. “Não estou tão certo disso”. Na realidade, intimamente estava convencido do contrário.

De fato, estava seriamente convicto do valor das unidades blindadas, pelas quais lutava sem descanso aquele jovem comandante, Heinz Guderian. Em 17 de junho de 1888, o primeiro Tenente Frederico Guderian, do batalhão de caçadores da Pomerânia Nº 2, foi surpreendido pela enseada notícia: O nascimento do seu primeiro filho. O jovem Tenente Guderian não imaginava, então, que aquele pequenino rebento seria o homem que, muitos anos depois, revolucionária a concepção clássica da Guerra.

Seguindo a tradição paterna, o jovem Heinz abraçou a carreira das armas. Em 1º de abril de 1901, aos 12 anos, vestiu o uniforme da Escola de Cadetes de Karlsruhe, da qual saiu, em fevereiro de 1907, para servir, como aspirante-a-oficial, no batalhão de caçadores Hannoveriano Nº 10, da guarnição em Bitsch, Lorena, cujo chefe, até maio de 1908, foi seu pai. A guerra mundial o surpreendeu ostentando os galões de Tenente em outubro de 1914, foi promovido a primeiro Tenente e em dezembro de 1915 a Capitão.

O período entre as duas grandes guerras mundiais não deu descanso a Guderian e suas atividades o levaram a comandar diversas unidades fronteiriças e a intervir para sufocar agitações nas comarcas do Ruhr, em Dessau e Bitterfeld.

Heinz Wilhelm Guderian

Os Panzer em marcha

Em janeiro de 1922, Guderian foi transferido para a inspeção das tropas de circulação, sessão de automóveis. Previamente, a fim de proporcionar a possibilidade de familiarizar-se com a sua nova arma, fora confiado o comando da unidade de automóveis Nº 1, acantonado em Munique. Aquela experiência será vital para ele e para o destino da futura guerra.

            Livros, artigos, experiências alheias e pessoais, tudo o orientou para uma nova concepção da Guerra. Manuais ingleses e franceses foram lidos e estudados minuciosamente. A escassa experiência de combate recolhida pelos carros blindados alemães foi analisada, em detalhe. Confrontaram-se opiniões e fatos concretos. E, Como o próprio Guderian declarou uma vez, “Em terra de cegos, quem tem um olho é rei”. Frente a ignorância quase total dos chefes e oficiais alemães sobre o problema, Guderian converteu-se na autoridade máxima em matéria de tanques, em toda Alemanha. As suas aspirações, porém, iam mais longe do que as dos seus chefes imediatos. Ele queria fazer dos tanques uma arma independente, uma poderosa arma independente da infantaria e não a sua auxiliar. O tempo demonstraria o acerto das suas ideias.

Referências bibliográficas:
Texto integral da obra: A segunda guerra mundial, Editora Codex S.A. Copyright 1965/66.

domingo, 22 de maio de 2016

WWII (Parte 4) - Começa a luta


The New York Times do dia 1º de setembro de 1939


Desencadeia-se a guerra relâmpago

O alto Comando do Exército, aproveitando a vantajosa posição das fronteiras alemães que, pelo Oeste, Norte e Sul, envolviam quase totalmente o território polonês, dividiu os seus efetivos em duas grandes massas de ataque.

O grupo de exércitos Sul, comandado pelo General Rundstedt, executaria a manobra decisiva da campanha. Como tal fim, lhe foram consignadas 35 divisões, compreendendo o grosso das forças blindadas: 4 divisões Panzer, 3 divisões mecanizada e 2 motorizadas. A missão de Rundstedt seria apoderar-se da importante região carbonífera da Silésia polonesa, para, em seguida, avançar rapidamente até Varsóvia e as margens do Vístula, conquistando a capital e unindo as suas forças ao desse rio com as unidades do grupo de exércitos Norte. O exército polonês ficaria, assim, cercado de norte a sul e não poderia construir nova linha defensiva por trás do Vístula. O grupo de exércitos Norte, comandado pelo General Von Bock, contaria com 25 divisões: 1 Panzer, 2 mecanizadas e 2 motorizadas. Depois de destruir as unidades polonesas no corredor de Dantzig, avançaria para o sul, flanqueando os rios Vístula e Narew, para estabelecer contato com as tropas de Rundstedt.

Gerd von Rundstedt e Fedor von Bock

O Comandante-em-chefe do exército polonês, Marechal Smigly-Rydz, enfrentava um problema insolúvel para defesa de seu país. As suas forças eram totalmente inferiores, em número e armamento, aos exércitos alemães. Contava apenas com um punhado de ultrapassar os tanques franceses e britânicos e a força aérea reduzia-se a cerca de 400 velhos aparelhos. Smigly devia optar entre duas possibilidades: situar os exércitos na fronteira, a fim de defender a região ocidental, onde se concentram as indústrias, ou colocar-se por trás da barreira fluvial, formada pelos Rios Vístula e Narew, com objetivo de enfrentar a Wehrmacht em forte posição defensiva. No primeiro caso, corri o risco de ver os seus exércitos aniquilados nos primeiros dias de luta; no segundo, perderia a fonte de abastecimento e se veria obrigado a render-se em curto prazo.


Marechal Smigly-Ridz

         Jogando tudo na mesa, Smigly resolveu finalmente enfrentar o choque da Wehrmacht na própria fronteira. Com esta finalidade, dividiu as suas forças em três grandes setores. No norte, à frente da Prússia oriental e a Pomerânia, dispôs 3 exércitos, integrados por 15 divisões de infantaria e cinco brigada de cavalaria; no centro, resguardando a rica província de Poznan, situou o grosso das suas forças, dois exércitos compostos por 9 divisões de Infantaria e 4 brigada de cavalaria, apoiados na retaguarda pelo exército “Prússia”, integrado por seis divisões de infantaria, uma brigada motorizada e uma brigada de cavalaria; finalmente, no sul, em Cracóvia e nos Cárpatos, destacou dois exércitos: 8 divisões de Infantaria, duas brigadas motorizadas e uma brigada de Cavalaria.


Começa a luta

Na madrugada de 1º de setembro, o General Sucharski reuniu os seus homens e anunciou que o ataque alemão poderia desencadear-se de um momento para o outro. Os 180 soldados do seu destacamento escutaram em silêncio a terrível notícia. Sabiam que não teriam escapatória, mas, estavam dispostos a vender caro suas vidas. Entrincheirados na ilha de Westerplatte, frente ao cais de Dantzig, esse punhado de heróis teria que enfrentar três mil soldados alemães.

Às 4:45 da madrugada, abate-se sobre a costa violento bombardeio. O couraçado “Schleswig Holstein”, navio-escola da Kriegsmarine, que poucos dias antes estivera em Dantzig em “visita de cortesia”, disparou, com os seus gigantescos canhões de 16 polegadas, a primeira descarga da Segunda Guerra Mundial.

Couraçado Schleswig Holstein

Inicia-se uma luta encarniçada e sangrenta. Durante todo o dia, a artilharia e os stukas lançam um dilúvio de fogo e aço sobre o reduto de Westerplatte. Os poloneses, com decidida bravura, rechaçam o ataque dos soldados alemães. Ao cair da noite, a luta prossegue com maior fúria. Os nazistas, utilizando lança-chamas, destroem os ninhos de metralhadoras e aniquilam os seus defensores. Sucharski reúne os sobreviventes e continua resistindo até o dia 6 de setembro, a heroica guarnição rechaça 12 assaltos inimigos. Chega ao limite da resistência. Em 7 de Setembro, ao despontar o sol, os canhões alemães desatam um bombardeio demolidor sobre as posições polonesas. Entrincheirados nas ruínas dos edifícios, Sucharski e os 60 Sobreviventes estão prontos a enfrentar o ataque final. Os SS avançam entre os escombros e tratam com os poloneses uma desesperada luta corpo-a-corpo. Uma hora depois, tudo está terminado.

Primeiro comunicado oficial alemão

Berlim, 1º de setembro de 1939

“No curso das operações militares na Silésia, Pomerânia e Prússia oriental, foram conquistados todos objetivos do primeiro dia. A aviação alemã, atuando com o maior entusiasmo, bombardeou com completo êxito, os aeroportos de Rahmel, Quztig, Graudenz, Poznam, Loos, Tomaszow, Buda, Kattowitz, Cracóvia, Lemberg e Brest, destruindo todas as bases militares desses lugares. As tropas do Sul, que avançam através das montanhas, chegaram a uma linha entre Neumarket, Susha, ao sul de Maerich, e o rio Olsa foi atravessado perto de Puschen. Na zona industrial de Sude, as tropas avançaram até Kattowitz. Vários contingentes de tropas, que operam na Silésia, avançaram para o norte, em direção a Pschenstaochau. As tropas que operam no corredor, desde Brahe, chegaram ao Rio Netze, perto de Nakelin, nas proximidades de Grausentz.

As primeiras horas da Guerra em Berlim

Pode-se dizer que a capital do Reich não foi afetada pelas atividades bélicas. Durante o discurso de Hitler em frente ao Reichstag, um reduzido grupo de pessoas aglomerou-se ante a chancelaria, na Wilhelm-strasse. Hitler foi aclamado quando passou rapidamente e, minutos depois, ocorreu um incidente embaraçoso: vários guardas alinharam-se em frente à chancelaria e começaram a gritar: “queremos ver o nosso Führer”, mas a multidão não os imitou. Os semblantes graves dos presentes iluminaram-se por um momento, quando chegou um carro equipado com câmeras fotográficas e levando fotógrafos, que faziam às vezes de animadores, para que as fotos fossem mais espontâneas. Entre risos, muitos respondiam com Heils, embora não houvesse ali ninguém para ser aclamado, exceto os fotógrafos.

No geral, a calma foi total entre a população, que recebeu a notícia do início das hostilidades quase com apatia.

Primeiro comunicado oficial polonês

Varsóvia, 1º de setembro de 1939

“Pouco depois das 7:00, os alemães iniciaram ações militares em diferentes locais da Fronteira. Isto constitui, indubitavelmente, uma agressão alemã contra a Polônia. Ação militar está agora em desenvolvimento”.

As primeiras horas da Guerra em Varsóvia

Os habitantes da capital da Polônia tiveram, pouco depois de ouvir o primeiro comunicado oficial, a primeira sensação direta do conflito, ao soar as sirenes de alarme dos ataques aéreos. Às 9:00 da manhã, já se começou a ouvir um nutrido fogo de artilharia nos arredores da cidade, onde entraram em ação às baterias antiaéreas, que disparavam sem interrupção, distinguir-se em meio ao continuo estalido das granadas, ocasionais estampidos de bombas e zumbido dos motores dos aviões. Uma chuva miúda caiu sobre a cidade e o céu nublado não permitia divisar os aparelhos incursores.

Desde os primeiros toques das sirenes, a cidade Ficou quase completamente deserta. Todos correram a refugiar-se os edifícios demais sólida construção. As sirenes começaram a suar um quarto de hora antes de seu vem as primeiras detonações, às 8:45 da manhã. As ruas estavam então muito movimentadas. De imediato, produziu-se uma dispersão geral e todo mundo correu a amparar-se nos edifícios mais próximos.

A cidade tornou-se repentinamente tranquila, silenciosa. O trânsito ficou reduzido a alguns automóveis, que passavam a grande velocidade.

Ás 9:30 da manhã foi dado o sinal de perigo passado e o trânsito voltou ao ritmo normal. Meia hora mais tarde, tornaram a soar ás sirenes, mas foi um sinal de falso alarme, com sinal de perigo passado 20 minutos após. O terceiro alarme do dia 1º de setembro começou às 12:40. Dez minutos depois escutou-se o fogo das baterias antiaéreas dos subúrbios do Oeste. Ás 12:57 o alarme.

Referências bibliográficas:
Texto integral da obra: A segunda guerra mundial, Editora Codex S.A. Copyright 1965/66.

sábado, 21 de maio de 2016

WWII (Parte 3) - 31 de agosto, a trapaça

A fracassada manobra de Hitler

Na tarde de 26 de agosto, Hitler comunicou ao General Brauchitsch a nova data do ataque: 1º de setembro, de madrugada. Aproximava-se o outono e as chuvas não tardariam em converter os caminhos da Polônia em imensos lamaçais.

Três dias mais tarde, em 29 de agosto, o ditador comunicou a Chamberlain que estava disposto a tentar entabular negociações com a Polônia sobre Dantzig, caso o governo polonês enviasse um representante a Berlim, no prazo de 24 horas. Hitler sabia perfeitamente que os poloneses não aceitariam as suas exigências, ao rechaçar as propostas alemães, apareceriam como os responsáveis pelo fracasso das negociações. Dessa maneira, a Grã-Bretanha e a França contariam com uma saída honrosa para retirar o apoio a Polônia. Chamberlain, no entanto, já farto de concessões, não se dispôs a negociar.

A meia noite do dia 30 de agosto, o embaixador britânico em Berlim, Sir Neville Henderson, entregou a Ribbentrop a resposta do seu governo escrita em tom moderado, a nota, não obstante, assinalava claramente que a Grã-Bretanha não estava disposta a pressionar a Polônia para que aceitasse O Ultimato de Hitler.

A manobra do ditador estava completamente fracassada.

31 de agosto: O último dia de paz

As 11:30 da manhã do dia 31 de agosto, o general Halder recebeu um chamado telefônico urgente da chancelaria do Reich. Com a voz embargada pela emoção, o general Stülpnagel comunicou-lhe:

“ O ataque será amanhã, às 4:45 da madrugada! A Grã-Bretanha e a França estão decididas a intervir, mas o Führer resolveu iniciar a campanha… “

Uma hora mais tarde Hitler assinou a diretiva de Nº 1 para a condução da guerra e entregou-o funesto documento aos chefes da Wehrmacht.

 
Comando supremo da Wehrmacht

Berlim, agosto de 1939




Diretiva de guerra Nº 1

1. As possibilidades pacíficas para solucionar os problemas surgidos na fronteira do Oeste, onde a situação da Alemanha é intolerável, fracassaram. Portanto, decide solucionar pela força.

2. O ataque a Polônia se realizará de acordo com os planos já fixados. Levarão em conta as alterações que resultem, no que se respeita o exército do estado atual de preparação do mesmo. A indicação das tarefas e a ordem das mesmas são as previstas. Data do ataque: 1º de setembro de 1939, hora 4:45 da madrugada.

As indicações correspondem a operação em Gydnia, baía de Dantzig e ponte Dirschau.

3. No Oeste é importante que a responsabilidade pelo começo das hostilidades recaia sobre a Inglaterra e a França. A neutralidade da Holanda, Bélgica, Luxemburgo e Suíça deve ser escrupulosamente respeitada.
Por terra: A fronteira do Oeste não deve ser cruzada sem minha expressa permissão.
No mar: Igual ordem.

4. Se Inglaterra e França iniciarem as hostilidades contra a Alemanha, a tarefa da Wehrmacht no Oeste consiste em conservar as forças até a conclusão vitoriosa da campanha da Polônia dentro desses limites, as forças inimigas e os seus recursos militares e econômicos devem ser golpeados até onde seja possível. A ordem de ataque será dada por mim pessoalmente, em qualquer caso. O exército deverá estar pronto para defender a muralha do Oeste e prevenir qualquer manobra de flanco por qualquer parte das potências do Oeste, caso viole o território da Bélgica e da Holanda.

Ao levar a guerra a Inglaterra, a direção dos ataques da Luftwaffe se concentrará na interrupção do transporte de tropas para França. Os ataques contra Londres serão decididos por mim pessoalmente.


Adolf Hitler



O drama prévio chegou assim ao seu fim. Em Varsóvia, o comandante-em-chefe do exército, Marechal Smigly-Rydz, decidiu, depois de angustiosas vacilações, dar o passo decisivo. Ás 11:00 da manhã expediu a ordem de mobilização geral.

Ao cair da noite do dia 31 de agosto, ocorreram os primeiros “combatentes” da guerra. Grupos de soldados da SS, disfarçados com uniformes poloneses, realizaram um ataque simulado a alguns postos fronteiriços alemães. Imediatamente, as emissoras transmitiram alarmantes comunicados sobre a inesperada “agressão”. A farsa foi utilizada no dia seguinte pelo ditador, para justificar ao seu povo e ao mundo o ataque contra a Polônia.

Antena da estação de rádio de Gliwitz

A “agressão” polonesa

As primeiras sombras da noite começavam a cair sobre um povoado alemão, próximo à fronteira com a Polônia. Era Gliwitz, pequena cidade limítrofe. Um pouco afastado da população, levantava as suas instalações uma estação transmissora de rádio.

O relógio marcou 8:00 horas da noite. Um estranho silêncio tudo envolveu, um silêncio carregado de tensão …

O ataque

Juntamente com as batidas que assinalavam a hora, o rápido roçar de botas indicou a presença de um grupo de homens. Eram 8 ou 10 soldados. A frente, um oficial. Com uniformes poloneses. Irromperam bruscamente na sala a se deslocarem em silêncio. O oficial levantou o braço. Os soldados prepararam as armas automáticas. Com um gesto brusco o braço desceu. Numa ensurdecedora descarga estremeceu as paredes do pequeno edifício. A seguir, com a mesma rapidez com que chegaram, os soldados atacante se retiraram. Mais adiante, porém, movimentaram-se com menos pressa, de tal modo que os habitantes que acorreram as janelas de suas casas puderam observar claramente os seus uniformes poloneses e escutaram as suas vozes gritando as ordens no idioma polonês. Estranha demora aquela. Todo o povoado foi testemunha, dessa maneira, do criminoso ataque que soldados poloneses efetuaram contra aquele pacífico posto alemão.

Mas, nem tudo havia terminado ainda. No interior da estação de transmissão, manipulando rapidamente os aparelhos, um soldado polonês leu ante o microfone uma breve declaração em que dizia haver chegado o momento da guerra entre Polônia e Alemanha. Depois, o silêncio.

Sobre o chão da sala, um cadáver era a muda testemunha daquele ataque polonês. Simultaneamente, em diversos lugares da fronteira germano-polonesa, efetuaram-se ataques semelhantes.

A trapaça

O grupo de soldados poloneses retirou-se para território da Polônia e, após percorrer um breve caminho, voltou sobre seus passos, ingressando em território alemão. O oficial polonês que os comandava era Alfred Naujoks, oficial alemão das SS. Os soldados poloneses que o seguiram na ação eram homens pertencentes a sua própria sessão da SS. O soldado morto no ataque era um prisioneiro dos nazistas, vestido com uniforme polonês e adormecido com drogas.

O plano fora confiado ao SS Naujoks, no dia 10 de agosto de 1939. A ordem de pô-lo em prática fora dada na manhã do dia 31 de agosto. O ataque devia produzir-se nessa mesma noite, às 8:00.

Hitler discursa no Reichstag
Hitler discursa no Reichstag, declarando guerra a Polônia


No dia seguinte, primeiro de setembro, o Führer declarava no Reichstag:

“ Pela primeira vez, esta noite, tropas regulares polonesas abriram fogo e, de agora em diante, as bombas que replicaremos com bombas”.

A sinistra trapaça urdida pelo Alto-Comando alemão convertia o agredido em agressor.

Referências bibliográficas:
Texto integral da obra: A segunda guerra mundial, Editora Codex S.A. Copyright 1965/66.




quinta-feira, 19 de maio de 2016

WWII (Parte 2) - Suspendam o ataque!


Hitler e Stalin, ao fundo a cena da assinatura do pacto Ribbentrop-Molotov

Cartas trocadas entre Hitler e Stalin

De Hitler para Stalin

Berlin, 20 de agosto de 1939, 2:00 da madrugada

Senhor Stalin
Bem-vindo o convênio comercial russo-germânico. É o primeiro passo na aproximação das relações Germano-soviéticas.

A conclusão de um pacto de não-agressão com a União Soviética me permitirá fixar a política alemã por muito tempo. A Alemanha, assim, assegurará o progresso político que beneficiará a ambos os estados por séculos. Aceito a proposição do pacto de não agressão feita pelo seu Ministro das relações exteriores, senhor Molotov, mas considere o que é urgente esclarecer os assuntos relacionados com ele.

O protocolo suplementar desejado pela união soviética poderá, estou convencido, esclarecer no menor tempo possível se os estadistas alemães puderem ir negociar pessoalmente.

A tensão entre Alemanha e Polônia tornou-se intolerável a situação piora dia-a-dia. A Alemanha, em consequência, está disposta a defender os interesses do reich por todos os meios disponíveis.

Na minha opinião, é necessário, em vista da intenção de dois estados de iniciar novas relações, não esperar mais tempo. Proponho que o senhor receba o meu Ministro das relações exteriores na terça-feira, 22, ou no máximo na quarta, 23. O Ministro das relações exteriores do reich está autorizado a firmar o pacto de não-agressão e também o protocolo. Uma permanência do ministro das relações exteriores em Moscou de mais de um ou dois dias é impossível pela grave situação internacional. Receberei com satisfação a sua resposta.

 Adolf Hitler



De Stalin para Hitler

Ao chanceler do reich alemão, Adolf Hitler:
Agradeço a sua nota. Deseja a concretização do pacto de não-agressão russo-germânico, porque melhorará as relações entre os dois países. Os povos das duas nações necessitam de relações pacíficas mais que nenhum outro. O assentimento do governo alemão à assinatura de um pacto de não agressão contribui para eliminar a tensão política e ajuda a estabelecer a paz e a colaboração entre os dois países.

O governo da União Soviética informa que espera Von Ribbentrop em Moscou a 23 de agosto.

Josef Stalin


Suspendam o ataque!

Na tarde de 22 de agosto, realiza-se uma sombria reunião no edifício de Downing Street, sede do governo britânico. Chamberlain e os seus ministros compreendem que chegou a hora decisiva. Após uma breve discussão, o gabinete dá o conhecer um categórico comunicado:

“ Assinatura do pacto germano-soviético não afetará de forma alguma as obrigações da Grã-Bretanha para com a Polônia”. Em Paris, o governo francês, presidido por Daladier, adota uma atitude semelhante.

Chamberlain, Primeiro ministro britânico

Hitler, entretanto, regressou a Berlim. A 25 de Agosto envia para Mussolini uma carta, comunicando que está disposto a atacar a Polônia de um momento para o outro. Na tarde desse mesmo dia, manda chamar o embaixador britânico, Sir Neville Henderson. Ele faz a última proposta:  A Alemanha está disposta a chegar a um amplo acordo com a Grã-Bretanha, após resolver seus problemas com a Polônia. Mais uma vez, o astuto Caudilho nazista tentava quebrar com falsas promessas a unidade dos seus inimigos.

As horas voam. Pelas estradas que conduzem ao leste, marcham, em intermináveis colunas, os esforços da Wehrmacht. Entre 4:30 da madrugada, lançam-se ao ataque contra a Polônia.

Movimentação para invadir a Polônia no dia 23 de agosto de 1939

As 6:00 da tarde, entrou apresentavelmente na chancelaria do reich o embaixador italiano, Bernardo Attolico.  Nas mãos, levava a resposta de Mussolini a carta que Hitler enviará ao doce naquela mesma manhã. O Ditador alemão tomou a carta e, com surpresa e fúria, inteirou-se do seu insólito conteúdo. Mussolini, simplesmente, anunciava que a Itália não estava em condições de entrar na guerra, pois, até 1942, não poderia completar adequadamente a preparação das suas forças armadas.

Pouco depois, o ditador recebeu a notícia de que a Grã-Bretanha e a Polônia acabavam de dar forma definitiva a sua aliança mediante a assinatura de um pacto de assistência mútua. Já não se poderia ter dúvida alguma de que os ingleses interviriam na guerra. Hitler, abatido pela decepção inesperada do seu principal aliado e a já decidida atitude dos britânicos, tomou uma resolução extrema. Depois de permanecer silencioso e pensativo alguns minutos, pôs-se de pé e mandou chamar o Marechal Keitel. O submisso chefe da Wehrmacht entrou correndo no seu gabinete. Sem dar-lhe tempo de recuperar o fôlego Hitler ordenou.

“ Suspendam o ataque! ”

Keitel, girando sobre os calcanhares, partiu como um raio para o seu escritório e, sem perda de tempo transmitiu a notícia ao General Brauchitsch, Comandante-em-chefe do exército. Este telefonou, ato contínuo, ao General Halder, chefe do estado-maior, e lhe comunicou a ordem do führer.

“ Aqui Brauchitsch: Nova situação! Hitler exige a imediata suspensão de todos os movimentos. A fronteira não deve ser ultrapassada sob nenhum pretexto... ao que parece por razões políticas. “

“ Faremos tudo o que for possível! ”

Walther von Brauchitsch e Wilhelm Keitel

Deslocando-se com a precisão de uma gigantesca máquina, 60 divisões alemãs convergem, nesse momento, sobre a fronteira polonesa. Halder tenta o impossível. A sua ordem corre com a velocidade do raio entre os desconcertados comandantes:  proibido romper as hostilidades! Nas estradas da Silésia, Eslováquia, Pomerânia e Prússia oriental, as colunas de tanques, caminhões e veículos blindados detêm bruscamente a sua marcha.

Uma divisão motorizada, entretanto, não recebe o aviso e continua avançando, a toda velocidade, para a fronteira. Uma oficial parte em um pequeno avião e, à noite, pousa a frente da divisão. Desta dramática maneira é evitada, no último momento, o início da luta.

Referências bibliográficas:

Texto integral da obra: A segunda guerra mundial, Editora Codex S.A. Copyright 1965/66.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

WWII (Parte 1) - No caminho da guerra

Ribbentrop, Stalin e Molotov
Ribbentrop, Stalin e Molotov

Às 11:00 horas da noite de 21 de agosto de 1939, as rádios da Alemanha interromperam repentinamente suas programações e o locutor com voz solene leu um transcendental comunicado:

“O governo do Reich e o governo soviético resolveram acordar um pacto de não agressão.  O Ministro das relações exteriores do Reich chegará a Moscou na quinta-feira, 23 de agosto, para concluir as negociações. ”

Hitler e Stalin aliados.  A inesperada notícia provocou estupor em todo o mundo.  O último obstáculo que impedia o ditador alemão de concretizar os seus planos de agressão contra a Polônia ficava, pois, eliminado. Quatro meses antes, o führer, fizera a sua entrada Triunfal em Praga, na Tchecoslováquia, cuja independência prometerá a respeitar na conferência de Munique, ficava incorporada à Grande Alemanha.  Desmoronava-se, para não mais se levantar, a ordem europeia estabelecida, ao término da Primeira Guerra Mundial, pelo Tratado de Versalhes.

O plano branco

Uns após outros, os enormes veículos Mercedes-Benz chegavam ao Edifício da chancelaria do Reich. Dos suntuosos veículos descem, apressados, os dirigentes máximos, políticos e militares, da Alemanha nazista, era 3 de abril de 1939. Este foi o dia em que realmente começou a Segunda Guerra Mundial.  Reunidos no gabinete do líder, os chefes da Wehrmatch recebem das mãos de Hitler às cópias de um projeto ultrassecreto: O plano branco. O Ditador permanece alguns minutos em silêncio, e a seguir com voz calma e enérgica, dá início a leitura do decisivo documento.

“Senhores, o objetivo será destruir o poderio militar polonês e criar no Leste uma situação que satisfaçam as necessidades da defesa nacional.  O estado livre de Dantzig será proclamado parte integral do Reich no começo das hostilidades…”

A sorte está lançada, um silêncio absoluto reina na sala. Embargados pela emoção, os Generais Brauchitsch, Comandante-em-chefe do exército, Halder, chefe do estado-maior, Almirante Raeder, Comandante da Kriegsmarine, e o Marechal Goëring, da luftwaffe, compreendem que acabam de receber a ordem definitiva que dará início a outra guerra. Hitler, imperturbável, continua a leitura do longo documento.

“A missão do exército será destruir as forças armadas polonesas e, com tal fim, deverá dispor-se a realizar um ataque de surpresa... Os preparativos devem efetuar-se de maneira tal, que a operação possa ser levada a prática a qualquer instante... a partir de 1º de setembro de 1939".

            1º de setembro de 1939! Uma data como tantas outras..., entretanto, nada afastará Hitler da sua decisão. Apelando para toda a classe de manobras, conseguirá, finalmente, dar pontual cumprimento ao fatídico plano. Qual foi o motivo que o levou, afinal, a tomar tão tremenda deliberação?

Hitler conversando com Ribbentrop
Hitler conversando com Ribbentrop

Chamberlain, o “homem do guarda-chuva”, o apaziguador de Munique, intempestivamente interpôs-se no seu caminho. Dois dias depois da ocupação da Tchecoslováquia, o político inglês pronuncia na cidade de Birmingham, um discurso decisivo. “A Grã-Bretanha anuncia, não caiu tão baixo a. de aceitar, de braços cruzados, a hegemonia da Alemanha sobre toda a Europa”. A 30 de março de 1939, o embaixador britânico em Varsóvia, Sir Howard Kennan, comunica ao ministro do exterior polonês, Coronel Josef Beck, que o seu governo está disposto a garantir, unilateralmente, a independência da Polônia. Perplexo, Beck aceita sem vacilação a extraordinária oferta. No dia seguinte, Chamberlain comunica a câmara dos comuns que a Grã-Bretanha se comprometeu a dar a Polônia plena ajuda Militar no caso de ser agredida.

Hitler, ao inteirar-se das declarações de Chamberlain, explode num ataque de fúria. Compreende que, daí por diante, terá que apelar para as armas a fim de concretizar os seus planos de conquistar o “Espaço Vital”, que assegura a sobrevivência e a grandeza do povo alemão.

Três dias mais tarde, a 3 de abril, distribuiu aos seus generais as diretivas do “Plano Branco”. A Alemanha empreendeu assim o caminho da guerra.

A hora decisiva

Sorridente, Ribbentrop acaba de por sua assinatura ao pé do documento, que sepultará a Europa na morte e na destruição durante seis longos anos. Stalin e Molotov estão ao seu lado. É o dia 23 de agosto de 1939.

Pacto Ribbentrop-Molotov
Pacto Ribbentrop-Molotov

Terminada a cerimônia, o Ministro das relações exteriores da Alemanha e o premier soviético, apertam-se as mãos e, a segui, dirigem-se a um dos suntuosos Salões de Kremlin. Chegou o momento da comemoração. Stalin, segurando uma taça de champanhe, exclamação entusiasmo:

"Sei quanto o povo alemão ama o seu führer!  Quero, em consequência, levantar a minha taça em sua honra...  Brindo à saúde do führer!"

Ribbentrop e Stalin
Ribbentrop e Stalin brindam em nome do Führer

Naquele mesmo instante, a milhares de quilômetros de distância, Hitler festeja também a assinatura do pacto, que acaba de concentrar com seu o diabo inimigo. Com satisfação, O Ditador compreende que conquistou, sem derramar uma só gota de sangue, a Vitória mais extraordinária de toda sua carreira ao concluir o tratado com Stálin conseguiu, da noite para o dia, alterar radicalmente a ameaçada posição em que se encontra a Alemanha com o apoio da União Soviética, poderá agora liquidar Definitivamente a Polônia e, ao mesmo tempo, fazer frente a uma grande guerra contra a Grã-Bretanha e a França, sem preocupar-se com a sua retaguarda.

Ao receber, a 19 de agosto, o telegrama de seu Embaixador em Moscou, com a notícia de que Stalin concordava em entrar em negociações, Hitler mandou chamar o Almirante Raeder e ordenou que ele fizesse zarpar imediatamente a frota de submarinos e os couraçados “Graf Spee” e “Deutschland” A fim de que alcançassem as suas posições de combate no Mar do Norte e Atlântico, na data fixada para o início do ataque a Polônia.

Enquanto a Marinha inicia o deslocamento de suas unidades o exército apressa-se para cumprir a sua missão. Em 23 de agosto, Hitler fixa a data do ataque: sábado, 26 de agosto, às 4:30 da madrugada.

Referências bibliográficas:
Texto integral da obra: A segunda guerra mundial, Editora Codex S.A. Copyright 1965/66.