A fracassada manobra de
Hitler
Na
tarde de 26 de agosto, Hitler comunicou ao General Brauchitsch a nova data do
ataque: 1º de setembro, de madrugada. Aproximava-se o outono e as chuvas não
tardariam em converter os caminhos da Polônia em imensos lamaçais.
Três
dias mais tarde, em 29 de agosto, o ditador comunicou a Chamberlain que estava
disposto a tentar entabular negociações com a Polônia sobre Dantzig, caso o
governo polonês enviasse um representante a Berlim, no prazo de 24 horas.
Hitler sabia perfeitamente que os poloneses não aceitariam as suas exigências,
ao rechaçar as propostas alemães, apareceriam como os responsáveis pelo
fracasso das negociações. Dessa maneira, a Grã-Bretanha e a França contariam
com uma saída honrosa para retirar o apoio a Polônia. Chamberlain, no entanto,
já farto de concessões, não se dispôs a negociar.
A
meia noite do dia 30 de agosto, o embaixador britânico em Berlim, Sir Neville
Henderson, entregou a Ribbentrop a resposta do seu governo escrita em tom
moderado, a nota, não obstante, assinalava claramente que a Grã-Bretanha não
estava disposta a pressionar a Polônia para que aceitasse O Ultimato de Hitler.
A
manobra do ditador estava completamente fracassada.
31 de agosto: O último dia
de paz
As
11:30 da manhã do dia 31 de agosto, o general Halder recebeu um chamado
telefônico urgente da chancelaria do Reich. Com a voz embargada pela emoção, o
general Stülpnagel comunicou-lhe:
“ O ataque será amanhã, às
4:45 da madrugada! A Grã-Bretanha e a França estão decididas a intervir, mas o
Führer resolveu iniciar a campanha… “
Uma
hora mais tarde Hitler assinou a diretiva de Nº 1 para a condução da guerra e
entregou-o funesto documento aos chefes da Wehrmacht.
Comando supremo da Wehrmacht
Berlim, agosto de 1939
Diretiva de guerra Nº 1
1. As possibilidades pacíficas para solucionar os
problemas surgidos na fronteira do Oeste, onde a situação da Alemanha é
intolerável, fracassaram. Portanto, decide solucionar pela força.
2. O ataque a Polônia se realizará de acordo com os
planos já fixados. Levarão em conta as alterações que resultem, no que se
respeita o exército do estado atual de preparação do mesmo. A indicação das
tarefas e a ordem das mesmas são as previstas. Data do ataque: 1º de
setembro de 1939, hora 4:45 da madrugada.
As indicações correspondem a operação em Gydnia,
baía de Dantzig e ponte Dirschau.
3. No Oeste é importante que a responsabilidade
pelo começo das hostilidades recaia sobre a Inglaterra e a França. A
neutralidade da Holanda, Bélgica, Luxemburgo e Suíça deve ser escrupulosamente
respeitada.
Por terra: A fronteira do Oeste não deve ser cruzada
sem minha expressa permissão.
No mar: Igual ordem.
4. Se Inglaterra e França iniciarem as hostilidades
contra a Alemanha, a tarefa da Wehrmacht no Oeste consiste em conservar as
forças até a conclusão vitoriosa da campanha da Polônia dentro desses limites,
as forças inimigas e os seus recursos militares e econômicos devem ser
golpeados até onde seja possível. A ordem de ataque será dada por mim
pessoalmente, em qualquer caso. O exército deverá estar pronto para defender a
muralha do Oeste e prevenir qualquer manobra de flanco por qualquer parte das
potências do Oeste, caso viole o território da Bélgica e da Holanda.
Ao levar a guerra a Inglaterra, a direção dos
ataques da Luftwaffe se concentrará na interrupção do transporte de tropas para
França. Os ataques contra Londres serão decididos por mim pessoalmente.
Adolf Hitler
O
drama prévio chegou assim ao seu fim. Em Varsóvia, o comandante-em-chefe do
exército, Marechal Smigly-Rydz, decidiu, depois de angustiosas vacilações, dar
o passo decisivo. Ás 11:00 da manhã expediu a ordem de mobilização geral.
Ao
cair da noite do dia 31 de agosto, ocorreram os primeiros “combatentes” da guerra. Grupos de soldados da SS, disfarçados com
uniformes poloneses, realizaram um ataque simulado a alguns postos fronteiriços
alemães. Imediatamente, as emissoras transmitiram alarmantes comunicados sobre
a inesperada “agressão”. A farsa foi
utilizada no dia seguinte pelo ditador, para justificar ao seu povo e ao mundo
o ataque contra a Polônia.
Antena da estação de rádio de Gliwitz |
A “agressão” polonesa
As
primeiras sombras da noite começavam a cair sobre um povoado alemão, próximo à
fronteira com a Polônia. Era Gliwitz, pequena cidade limítrofe. Um pouco
afastado da população, levantava as suas instalações uma estação transmissora
de rádio.
O
relógio marcou 8:00 horas da noite. Um estranho silêncio tudo envolveu, um
silêncio carregado de tensão …
O ataque
Juntamente
com as batidas que assinalavam a hora, o rápido roçar de botas indicou a
presença de um grupo de homens. Eram 8 ou 10 soldados. A frente, um oficial.
Com uniformes poloneses. Irromperam bruscamente na sala a se deslocarem em
silêncio. O oficial levantou o braço. Os soldados prepararam as armas
automáticas. Com um gesto brusco o braço desceu. Numa ensurdecedora descarga
estremeceu as paredes do pequeno edifício. A seguir, com a mesma rapidez com
que chegaram, os soldados atacante se retiraram. Mais adiante, porém,
movimentaram-se com menos pressa, de tal modo que os habitantes que acorreram
as janelas de suas casas puderam observar claramente os seus uniformes
poloneses e escutaram as suas vozes gritando as ordens no idioma polonês.
Estranha demora aquela. Todo o povoado foi testemunha, dessa maneira, do
criminoso ataque que soldados poloneses efetuaram contra aquele pacífico posto
alemão.
Mas,
nem tudo havia terminado ainda. No interior da estação de transmissão,
manipulando rapidamente os aparelhos, um soldado polonês leu ante o microfone
uma breve declaração em que dizia haver chegado o momento da guerra entre
Polônia e Alemanha. Depois, o silêncio.
Sobre
o chão da sala, um cadáver era a muda testemunha daquele ataque polonês.
Simultaneamente, em diversos lugares da fronteira germano-polonesa,
efetuaram-se ataques semelhantes.
A trapaça
O
grupo de soldados poloneses retirou-se para território da Polônia e, após
percorrer um breve caminho, voltou sobre seus passos, ingressando em território
alemão. O oficial polonês que os comandava era Alfred Naujoks, oficial alemão
das SS. Os soldados poloneses que o seguiram na ação eram homens pertencentes a
sua própria sessão da SS. O soldado morto no ataque era um prisioneiro dos
nazistas, vestido com uniforme polonês e adormecido com drogas.
O
plano fora confiado ao SS Naujoks, no dia 10 de agosto de 1939. A ordem de
pô-lo em prática fora dada na manhã do dia 31 de agosto. O ataque devia
produzir-se nessa mesma noite, às 8:00.
Hitler discursa no Reichstag, declarando guerra a Polônia |
No
dia seguinte, primeiro de setembro, o Führer declarava no Reichstag:
“ Pela primeira vez, esta
noite, tropas regulares polonesas abriram fogo e, de agora em diante, as bombas
que replicaremos com bombas”.
A
sinistra trapaça urdida pelo Alto-Comando alemão convertia o agredido em
agressor.
Referências
bibliográficas:
Texto integral da obra: A segunda guerra
mundial, Editora Codex S.A. Copyright 1965/66.
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