sábado, 21 de maio de 2016

WWII (Parte 3) - 31 de agosto, a trapaça

A fracassada manobra de Hitler

Na tarde de 26 de agosto, Hitler comunicou ao General Brauchitsch a nova data do ataque: 1º de setembro, de madrugada. Aproximava-se o outono e as chuvas não tardariam em converter os caminhos da Polônia em imensos lamaçais.

Três dias mais tarde, em 29 de agosto, o ditador comunicou a Chamberlain que estava disposto a tentar entabular negociações com a Polônia sobre Dantzig, caso o governo polonês enviasse um representante a Berlim, no prazo de 24 horas. Hitler sabia perfeitamente que os poloneses não aceitariam as suas exigências, ao rechaçar as propostas alemães, apareceriam como os responsáveis pelo fracasso das negociações. Dessa maneira, a Grã-Bretanha e a França contariam com uma saída honrosa para retirar o apoio a Polônia. Chamberlain, no entanto, já farto de concessões, não se dispôs a negociar.

A meia noite do dia 30 de agosto, o embaixador britânico em Berlim, Sir Neville Henderson, entregou a Ribbentrop a resposta do seu governo escrita em tom moderado, a nota, não obstante, assinalava claramente que a Grã-Bretanha não estava disposta a pressionar a Polônia para que aceitasse O Ultimato de Hitler.

A manobra do ditador estava completamente fracassada.

31 de agosto: O último dia de paz

As 11:30 da manhã do dia 31 de agosto, o general Halder recebeu um chamado telefônico urgente da chancelaria do Reich. Com a voz embargada pela emoção, o general Stülpnagel comunicou-lhe:

“ O ataque será amanhã, às 4:45 da madrugada! A Grã-Bretanha e a França estão decididas a intervir, mas o Führer resolveu iniciar a campanha… “

Uma hora mais tarde Hitler assinou a diretiva de Nº 1 para a condução da guerra e entregou-o funesto documento aos chefes da Wehrmacht.

 
Comando supremo da Wehrmacht

Berlim, agosto de 1939




Diretiva de guerra Nº 1

1. As possibilidades pacíficas para solucionar os problemas surgidos na fronteira do Oeste, onde a situação da Alemanha é intolerável, fracassaram. Portanto, decide solucionar pela força.

2. O ataque a Polônia se realizará de acordo com os planos já fixados. Levarão em conta as alterações que resultem, no que se respeita o exército do estado atual de preparação do mesmo. A indicação das tarefas e a ordem das mesmas são as previstas. Data do ataque: 1º de setembro de 1939, hora 4:45 da madrugada.

As indicações correspondem a operação em Gydnia, baía de Dantzig e ponte Dirschau.

3. No Oeste é importante que a responsabilidade pelo começo das hostilidades recaia sobre a Inglaterra e a França. A neutralidade da Holanda, Bélgica, Luxemburgo e Suíça deve ser escrupulosamente respeitada.
Por terra: A fronteira do Oeste não deve ser cruzada sem minha expressa permissão.
No mar: Igual ordem.

4. Se Inglaterra e França iniciarem as hostilidades contra a Alemanha, a tarefa da Wehrmacht no Oeste consiste em conservar as forças até a conclusão vitoriosa da campanha da Polônia dentro desses limites, as forças inimigas e os seus recursos militares e econômicos devem ser golpeados até onde seja possível. A ordem de ataque será dada por mim pessoalmente, em qualquer caso. O exército deverá estar pronto para defender a muralha do Oeste e prevenir qualquer manobra de flanco por qualquer parte das potências do Oeste, caso viole o território da Bélgica e da Holanda.

Ao levar a guerra a Inglaterra, a direção dos ataques da Luftwaffe se concentrará na interrupção do transporte de tropas para França. Os ataques contra Londres serão decididos por mim pessoalmente.


Adolf Hitler



O drama prévio chegou assim ao seu fim. Em Varsóvia, o comandante-em-chefe do exército, Marechal Smigly-Rydz, decidiu, depois de angustiosas vacilações, dar o passo decisivo. Ás 11:00 da manhã expediu a ordem de mobilização geral.

Ao cair da noite do dia 31 de agosto, ocorreram os primeiros “combatentes” da guerra. Grupos de soldados da SS, disfarçados com uniformes poloneses, realizaram um ataque simulado a alguns postos fronteiriços alemães. Imediatamente, as emissoras transmitiram alarmantes comunicados sobre a inesperada “agressão”. A farsa foi utilizada no dia seguinte pelo ditador, para justificar ao seu povo e ao mundo o ataque contra a Polônia.

Antena da estação de rádio de Gliwitz

A “agressão” polonesa

As primeiras sombras da noite começavam a cair sobre um povoado alemão, próximo à fronteira com a Polônia. Era Gliwitz, pequena cidade limítrofe. Um pouco afastado da população, levantava as suas instalações uma estação transmissora de rádio.

O relógio marcou 8:00 horas da noite. Um estranho silêncio tudo envolveu, um silêncio carregado de tensão …

O ataque

Juntamente com as batidas que assinalavam a hora, o rápido roçar de botas indicou a presença de um grupo de homens. Eram 8 ou 10 soldados. A frente, um oficial. Com uniformes poloneses. Irromperam bruscamente na sala a se deslocarem em silêncio. O oficial levantou o braço. Os soldados prepararam as armas automáticas. Com um gesto brusco o braço desceu. Numa ensurdecedora descarga estremeceu as paredes do pequeno edifício. A seguir, com a mesma rapidez com que chegaram, os soldados atacante se retiraram. Mais adiante, porém, movimentaram-se com menos pressa, de tal modo que os habitantes que acorreram as janelas de suas casas puderam observar claramente os seus uniformes poloneses e escutaram as suas vozes gritando as ordens no idioma polonês. Estranha demora aquela. Todo o povoado foi testemunha, dessa maneira, do criminoso ataque que soldados poloneses efetuaram contra aquele pacífico posto alemão.

Mas, nem tudo havia terminado ainda. No interior da estação de transmissão, manipulando rapidamente os aparelhos, um soldado polonês leu ante o microfone uma breve declaração em que dizia haver chegado o momento da guerra entre Polônia e Alemanha. Depois, o silêncio.

Sobre o chão da sala, um cadáver era a muda testemunha daquele ataque polonês. Simultaneamente, em diversos lugares da fronteira germano-polonesa, efetuaram-se ataques semelhantes.

A trapaça

O grupo de soldados poloneses retirou-se para território da Polônia e, após percorrer um breve caminho, voltou sobre seus passos, ingressando em território alemão. O oficial polonês que os comandava era Alfred Naujoks, oficial alemão das SS. Os soldados poloneses que o seguiram na ação eram homens pertencentes a sua própria sessão da SS. O soldado morto no ataque era um prisioneiro dos nazistas, vestido com uniforme polonês e adormecido com drogas.

O plano fora confiado ao SS Naujoks, no dia 10 de agosto de 1939. A ordem de pô-lo em prática fora dada na manhã do dia 31 de agosto. O ataque devia produzir-se nessa mesma noite, às 8:00.

Hitler discursa no Reichstag
Hitler discursa no Reichstag, declarando guerra a Polônia


No dia seguinte, primeiro de setembro, o Führer declarava no Reichstag:

“ Pela primeira vez, esta noite, tropas regulares polonesas abriram fogo e, de agora em diante, as bombas que replicaremos com bombas”.

A sinistra trapaça urdida pelo Alto-Comando alemão convertia o agredido em agressor.

Referências bibliográficas:
Texto integral da obra: A segunda guerra mundial, Editora Codex S.A. Copyright 1965/66.




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