Hitler e Stalin, ao fundo a cena da assinatura do pacto Ribbentrop-Molotov |
Cartas trocadas entre
Hitler e Stalin
De
Hitler para Stalin
Berlin,
20 de agosto de 1939, 2:00 da madrugada
Senhor
Stalin
Bem-vindo
o convênio comercial russo-germânico. É o primeiro passo na aproximação das
relações Germano-soviéticas.
A
conclusão de um pacto de não-agressão com a União Soviética me permitirá fixar
a política alemã por muito tempo. A Alemanha, assim, assegurará o progresso
político que beneficiará a ambos os estados por séculos. Aceito a proposição do
pacto de não agressão feita pelo seu Ministro das relações exteriores, senhor
Molotov, mas considere o que é urgente esclarecer os assuntos relacionados com
ele.
O
protocolo suplementar desejado pela união soviética poderá, estou convencido,
esclarecer no menor tempo possível se os estadistas alemães puderem ir negociar
pessoalmente.
A
tensão entre Alemanha e Polônia tornou-se intolerável a situação piora
dia-a-dia. A Alemanha, em consequência, está disposta a defender os interesses
do reich por todos os meios disponíveis.
Na
minha opinião, é necessário, em vista da intenção de dois estados de iniciar
novas relações, não esperar mais tempo. Proponho que o senhor receba o meu
Ministro das relações exteriores na terça-feira, 22, ou no máximo na quarta,
23. O Ministro das relações exteriores do reich está autorizado a firmar o
pacto de não-agressão e também o protocolo. Uma permanência do ministro das
relações exteriores em Moscou de mais de um ou dois dias é impossível pela
grave situação internacional. Receberei com satisfação a sua resposta.
Adolf Hitler
De
Stalin para Hitler
Ao
chanceler do reich alemão, Adolf Hitler:
Agradeço
a sua nota. Deseja a concretização do pacto de não-agressão russo-germânico,
porque melhorará as relações entre os dois países. Os povos das duas nações
necessitam de relações pacíficas mais que nenhum outro. O assentimento do
governo alemão à assinatura de um pacto de não agressão contribui para eliminar
a tensão política e ajuda a estabelecer a paz e a colaboração entre os dois
países.
O
governo da União Soviética informa que espera Von Ribbentrop em Moscou a 23 de
agosto.
Josef
Stalin
Suspendam o ataque!
Na tarde de 22 de agosto, realiza-se uma
sombria reunião no edifício de Downing Street, sede do governo britânico.
Chamberlain e os seus ministros compreendem que chegou a hora decisiva. Após
uma breve discussão, o gabinete dá o conhecer um categórico comunicado:
“
Assinatura do pacto germano-soviético não afetará de forma alguma as obrigações
da Grã-Bretanha para com a Polônia”.
Em Paris, o governo francês, presidido por Daladier, adota uma atitude
semelhante.
Chamberlain, Primeiro ministro britânico |
Hitler, entretanto, regressou a Berlim. A
25 de Agosto envia para Mussolini uma carta, comunicando que está disposto a
atacar a Polônia de um momento para o outro. Na tarde desse mesmo dia, manda
chamar o embaixador britânico, Sir Neville Henderson. Ele faz a última
proposta: A Alemanha está disposta a
chegar a um amplo acordo com a Grã-Bretanha, após resolver seus problemas com a
Polônia. Mais uma vez, o astuto Caudilho nazista tentava quebrar com falsas
promessas a unidade dos seus inimigos.
As horas voam. Pelas estradas que
conduzem ao leste, marcham, em intermináveis colunas, os esforços da Wehrmacht.
Entre 4:30 da madrugada, lançam-se ao ataque contra a Polônia.
Movimentação para invadir a Polônia no dia 23 de agosto de 1939 |
As 6:00 da tarde, entrou apresentavelmente
na chancelaria do reich o embaixador italiano, Bernardo Attolico. Nas mãos, levava a resposta de Mussolini a
carta que Hitler enviará ao doce naquela mesma manhã. O Ditador alemão tomou a
carta e, com surpresa e fúria, inteirou-se do seu insólito conteúdo. Mussolini,
simplesmente, anunciava que a Itália não estava em condições de entrar na
guerra, pois, até 1942, não poderia completar adequadamente a preparação das
suas forças armadas.
Pouco depois, o ditador recebeu a
notícia de que a Grã-Bretanha e a Polônia acabavam de dar forma definitiva a
sua aliança mediante a assinatura de um pacto de assistência mútua. Já não se
poderia ter dúvida alguma de que os ingleses interviriam na guerra. Hitler,
abatido pela decepção inesperada do seu principal aliado e a já decidida atitude
dos britânicos, tomou uma resolução extrema. Depois de permanecer silencioso e pensativo
alguns minutos, pôs-se de pé e mandou chamar o Marechal Keitel. O submisso
chefe da Wehrmacht entrou correndo no seu gabinete. Sem dar-lhe tempo de
recuperar o fôlego Hitler ordenou.
“
Suspendam o ataque! ”
Keitel, girando sobre os calcanhares, partiu
como um raio para o seu escritório e, sem perda de tempo transmitiu a notícia
ao General Brauchitsch, Comandante-em-chefe do exército. Este telefonou, ato
contínuo, ao General Halder, chefe do estado-maior, e lhe comunicou a ordem do führer.
“
Aqui Brauchitsch: Nova situação! Hitler exige a imediata suspensão de todos os
movimentos. A fronteira não deve ser ultrapassada sob nenhum pretexto... ao que
parece por razões políticas. “
“
Faremos tudo o que for possível! ”
Walther von Brauchitsch e Wilhelm Keitel |
Deslocando-se com a precisão de uma
gigantesca máquina, 60 divisões alemãs convergem, nesse momento, sobre a
fronteira polonesa. Halder tenta o impossível. A sua ordem corre com a
velocidade do raio entre os desconcertados comandantes: proibido romper as hostilidades! Nas estradas
da Silésia, Eslováquia, Pomerânia e Prússia oriental, as colunas de tanques, caminhões
e veículos blindados detêm bruscamente a sua marcha.
Uma divisão motorizada, entretanto, não
recebe o aviso e continua avançando, a toda velocidade, para a fronteira. Uma
oficial parte em um pequeno avião e, à noite, pousa a frente da divisão. Desta
dramática maneira é evitada, no último momento, o início da luta.
Referências
bibliográficas:
Texto integral da obra: A segunda guerra
mundial, Editora Codex S.A. Copyright 1965/66.
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