quinta-feira, 19 de maio de 2016

WWII (Parte 2) - Suspendam o ataque!


Hitler e Stalin, ao fundo a cena da assinatura do pacto Ribbentrop-Molotov

Cartas trocadas entre Hitler e Stalin

De Hitler para Stalin

Berlin, 20 de agosto de 1939, 2:00 da madrugada

Senhor Stalin
Bem-vindo o convênio comercial russo-germânico. É o primeiro passo na aproximação das relações Germano-soviéticas.

A conclusão de um pacto de não-agressão com a União Soviética me permitirá fixar a política alemã por muito tempo. A Alemanha, assim, assegurará o progresso político que beneficiará a ambos os estados por séculos. Aceito a proposição do pacto de não agressão feita pelo seu Ministro das relações exteriores, senhor Molotov, mas considere o que é urgente esclarecer os assuntos relacionados com ele.

O protocolo suplementar desejado pela união soviética poderá, estou convencido, esclarecer no menor tempo possível se os estadistas alemães puderem ir negociar pessoalmente.

A tensão entre Alemanha e Polônia tornou-se intolerável a situação piora dia-a-dia. A Alemanha, em consequência, está disposta a defender os interesses do reich por todos os meios disponíveis.

Na minha opinião, é necessário, em vista da intenção de dois estados de iniciar novas relações, não esperar mais tempo. Proponho que o senhor receba o meu Ministro das relações exteriores na terça-feira, 22, ou no máximo na quarta, 23. O Ministro das relações exteriores do reich está autorizado a firmar o pacto de não-agressão e também o protocolo. Uma permanência do ministro das relações exteriores em Moscou de mais de um ou dois dias é impossível pela grave situação internacional. Receberei com satisfação a sua resposta.

 Adolf Hitler



De Stalin para Hitler

Ao chanceler do reich alemão, Adolf Hitler:
Agradeço a sua nota. Deseja a concretização do pacto de não-agressão russo-germânico, porque melhorará as relações entre os dois países. Os povos das duas nações necessitam de relações pacíficas mais que nenhum outro. O assentimento do governo alemão à assinatura de um pacto de não agressão contribui para eliminar a tensão política e ajuda a estabelecer a paz e a colaboração entre os dois países.

O governo da União Soviética informa que espera Von Ribbentrop em Moscou a 23 de agosto.

Josef Stalin


Suspendam o ataque!

Na tarde de 22 de agosto, realiza-se uma sombria reunião no edifício de Downing Street, sede do governo britânico. Chamberlain e os seus ministros compreendem que chegou a hora decisiva. Após uma breve discussão, o gabinete dá o conhecer um categórico comunicado:

“ Assinatura do pacto germano-soviético não afetará de forma alguma as obrigações da Grã-Bretanha para com a Polônia”. Em Paris, o governo francês, presidido por Daladier, adota uma atitude semelhante.

Chamberlain, Primeiro ministro britânico

Hitler, entretanto, regressou a Berlim. A 25 de Agosto envia para Mussolini uma carta, comunicando que está disposto a atacar a Polônia de um momento para o outro. Na tarde desse mesmo dia, manda chamar o embaixador britânico, Sir Neville Henderson. Ele faz a última proposta:  A Alemanha está disposta a chegar a um amplo acordo com a Grã-Bretanha, após resolver seus problemas com a Polônia. Mais uma vez, o astuto Caudilho nazista tentava quebrar com falsas promessas a unidade dos seus inimigos.

As horas voam. Pelas estradas que conduzem ao leste, marcham, em intermináveis colunas, os esforços da Wehrmacht. Entre 4:30 da madrugada, lançam-se ao ataque contra a Polônia.

Movimentação para invadir a Polônia no dia 23 de agosto de 1939

As 6:00 da tarde, entrou apresentavelmente na chancelaria do reich o embaixador italiano, Bernardo Attolico.  Nas mãos, levava a resposta de Mussolini a carta que Hitler enviará ao doce naquela mesma manhã. O Ditador alemão tomou a carta e, com surpresa e fúria, inteirou-se do seu insólito conteúdo. Mussolini, simplesmente, anunciava que a Itália não estava em condições de entrar na guerra, pois, até 1942, não poderia completar adequadamente a preparação das suas forças armadas.

Pouco depois, o ditador recebeu a notícia de que a Grã-Bretanha e a Polônia acabavam de dar forma definitiva a sua aliança mediante a assinatura de um pacto de assistência mútua. Já não se poderia ter dúvida alguma de que os ingleses interviriam na guerra. Hitler, abatido pela decepção inesperada do seu principal aliado e a já decidida atitude dos britânicos, tomou uma resolução extrema. Depois de permanecer silencioso e pensativo alguns minutos, pôs-se de pé e mandou chamar o Marechal Keitel. O submisso chefe da Wehrmacht entrou correndo no seu gabinete. Sem dar-lhe tempo de recuperar o fôlego Hitler ordenou.

“ Suspendam o ataque! ”

Keitel, girando sobre os calcanhares, partiu como um raio para o seu escritório e, sem perda de tempo transmitiu a notícia ao General Brauchitsch, Comandante-em-chefe do exército. Este telefonou, ato contínuo, ao General Halder, chefe do estado-maior, e lhe comunicou a ordem do führer.

“ Aqui Brauchitsch: Nova situação! Hitler exige a imediata suspensão de todos os movimentos. A fronteira não deve ser ultrapassada sob nenhum pretexto... ao que parece por razões políticas. “

“ Faremos tudo o que for possível! ”

Walther von Brauchitsch e Wilhelm Keitel

Deslocando-se com a precisão de uma gigantesca máquina, 60 divisões alemãs convergem, nesse momento, sobre a fronteira polonesa. Halder tenta o impossível. A sua ordem corre com a velocidade do raio entre os desconcertados comandantes:  proibido romper as hostilidades! Nas estradas da Silésia, Eslováquia, Pomerânia e Prússia oriental, as colunas de tanques, caminhões e veículos blindados detêm bruscamente a sua marcha.

Uma divisão motorizada, entretanto, não recebe o aviso e continua avançando, a toda velocidade, para a fronteira. Uma oficial parte em um pequeno avião e, à noite, pousa a frente da divisão. Desta dramática maneira é evitada, no último momento, o início da luta.

Referências bibliográficas:

Texto integral da obra: A segunda guerra mundial, Editora Codex S.A. Copyright 1965/66.

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