quinta-feira, 9 de junho de 2016

WWII (Parte 11) - A linha Mannerheim

A distribuição das forças

Durante os meses de verão que precederam o ataque, o general Timoshenko, comandante em chefe das forças soviéticas, concentrará os efetivos de 4 poderosos exércitos sobre as extensas fronteiras da Finlândia. Pode completar sem dificuldades a manobra, utilizando a linha ferroviária Leningrado - Murmansk, nas costas do oceano Ártico. Ao longo dessa ferrovia, colocou depósitos de armamentos e provisões, que serviriam para abastecer as tropas russas destacadas nas desérticas e gélidas regiões do norte da Finlândia.
O plano de operações soviético estava habilmente concebido. Um exército, o VII, levaria a cabo a manobra decisiva da campanha na região do Ístmo da Carélia. Para isto, cantava com o grosso das forças: 11 divisões de infantaria, um corpo mecanizado e três brigadas de tanques. A sua missão queria atacar frontalmente a linha Mannerheim, cujas fortificações estendiam-se através do Ístmo da Carélia, das costas do Golfo da Finlândia às margens do Lago Ladoga. Rompida as defesas finlandesas, o VII exército conquistaria Helsinki e os ricos territórios do sul da Finlândia. Ao Norte do Lago Ladoga, outro exército, o VIII, integrado por seis divisões de infantaria, apoiaria as ações das forças russas destacadas no Ístmo da Carélia. A sua missão seria avançar para o sul e atacar pela retaguarda as divisões finlandesas que defendiam a linha Mannerheim.

Tanques soviéticos avançam na região do Ístmo da Carélia

Frente a região central da Finlândia estava o IX exército, composto por seis divisões de infantaria e uma brigada de tanques. Avançaria para o oeste, com o fim de cortar o país pela metade e ocupar os portos de Tornea e Oulu, no Golfo de Botnia. Desta maneira, a Finlândia se veria privada de suas comunicações com a Suécia e a Noruega, principais fontes de abastecimento para os seus exércitos. Ao Norte, sobre as costas do Oceano Ártico, o XIV exército, integrado por três divisões de infantaria e fortes unidades blindadas, ocuparia o porto de Petsamo, A fim de impedir o eventual desembarque de um exército auxiliar franco-britânico. Posteriormente, destacaria uma das suas divisões apoiada por tanques para ajudar no ataque do IX exército. Assim, a Finlândia atacada simultaneamente pelo norte, centro e sul, se veria obrigada a dispersar as suas reduzidas forças sobre uma frente de 1.400 quilômetros de extensão.
O exército finlandês contava apenas com 12 divisões de infantaria, um punhado de tanques antiquados e 170 aviões. A sua única vantagem era combater no seu próprio e agreste terreno, com milhares de lagos, imensos bosques e extensos pântanos os soldados finlandeses, valendo-se de esquis, destacavam-se com facilidade sobre a neve que, nos meses de inverno, cobria todo o país.

Soldados finlandeses apostos para o combate, nota-se os esquis citados no texto

Essa extraordinária mobilidade haveria de constituir-se uma das principais causas de suas surpreendentes vitórias sobre os russos.
Ao iniciar as hostilidades, o Marechal Mannerheim, devia manter-se firme em suas posições, a fim de impedir a erupção dos soviéticos sobre os territórios do sul da Finlândia, onde se encontravam concentradas as principais cidades e indústrias do país. Ao norte do Lago Ladoga e para impedir um ataque pela retaguarda das forças do General Oestermann foram colocadas duas divisões de infantaria.
Para cobrir as extensas fronteiras orientais, Mannerheim só contava, no momento de se iniciar a luta, com seus batalhões de infantaria.

Mannerheim

Janeiro de 1918. Bótnia, pequena cidade perdida na imensidade branca da Finlândia.
A guarnição russa descansa. As sentinelas, adormecidas pelo frio, apoiam-se nos fuzis. As sombras as envolvem.
Escuta-se um sinal. Um silvo leve, curto, que se interrompe duas vezes.
As sentinelas nada percebem e com isso a sua sorte fica selada.
As sombras, agilmente, arrojam-se sobre as sentinelas. Dois, três, quatro corpos caem por terra. Dois minutos depois a casa da guarda é assaltada por 20 homens. Uma hora mais tarde, os atacantes afastam-se, quase tão silenciosamente como chegaram. Deixam atrás uma guarnição dominada e desarmada. Levam fuzis e munições suficientes para pôr em pé de guerra um numeroso grupo de homens.

Uma sentinela

A frente do grupo, entrou no quartel russo um homem. É o último que sai. É dele o plano e a grande ideia motora. Ele sonha com a liberdade da sua pátria está disposto a conquistá-la. Mesmo ao preço da própria vida.
Após os homens que se afastam corre o chefe, Carl Gustaf Mannerheim.

Carl Gustaf Mannerheim

Antigo oficial da cavalaria do exército russo nasceu em junho de 1867. Filho e neto de militares, ingressou muito jovem na Escola de Cadetes. Como oficial, serviu as ordens da Rússia na guerra com o Japão. De regresso à sua Pátria, leva cinco condecorações. 1914. Estala a Primeira Guerra Mundial. Mannerheim já general, comanda uma unidade russa. A revolução bolchevique e a paz com a Alemanha decidem o seu destino. Renuncia oposto e regressa ao seu país Natal inicia a luta pela libertação. Organiza e institui um pequeno núcleo de combatentes, a base do futuro exército libertador. Armas? Nada mais fácil para Mannerheim. Um golpe audacioso e a guarnição russa de Bótnia fornece-as. Na noite de 26 para 27 de janeiro de 1918, a guerra pela libertação começa. A frente de 30 mil homens, Mannerheim lança-se à luta. A sorte o ajuda. O seu valor faz o resto. De vitória em vitória, em 16 de maio entra em Helsinki, que o recebe como libertador. Até 1931, como Marechal e Presidente do Conselho Supremo da defesa, põe em prática uma ideia que o persegue a muito tempo: a criação de uma possante linha defensiva na fronteira com a Rússia. Nasce assim a linha Mannerheim, obra mestra de engenharia militar e Bastião defensivo na guerra que estalará a alguns anos depois.

Linha Mannerheim

Lutando com a mais absoluta carência de meios, orçamentos restritos, poucos homens e materiais antiquados, a linha Mannerheim será, oito anos mais tarde, um difícil obstáculo para o poderoso rolo compressor soviético.

Referências bibliográficas:

Texto integral da obra: A segunda guerra mundial, Editora Codex S.A. Copyright 1965/66.

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