terça-feira, 26 de julho de 2016

WWII (Parte 18) - O ataque a Oslo

O ataque a Oslo

Às 11:00 horas da noite do dia 8 de abril, o patrulheiro norueguês “Pol 3” avistou na escuridão a silhueta de um navio que navegava velozmente para o Norte, com todas as luzes apagadas. Era o Destroier alemão “Albatros”, barco de vanguarda da frota de invasão do Almirante Kummetz. Seu objetivo: Oslo.
O capitão do pequeno guarda costeira alertou imediatamente, por rádio, ao comando naval de Oslo e se dirigiu a toda máquina contra o barco inimigo. Em poucos minutos, cobriu a distância que o separava do “Albatros” e investiu violentamente contra um de seus flancos. Os artilheiros do destroier' abriram fogo à queima-roupa contra o “Pol 3” e, em 15 segunda, o enviaram ao fundo do oceano.

Destroier "Albatros"

Alertados pelo último chamado do patrulheiro, os chefes da Marinha norueguesa ordenaram as baterias, que defendiam o fiorde de entrada de Oslo, que se preparassem para repelir o ataque dos Barcos alemães. Nesse momento, a frota do Almirante Kummetz, integrada pelos cruzadores “Blücher” e “Emden “, o couraçado “Lützow”, cinco destroieres e nove rastreadores, havia começado a subir o estreito do canal, em direção a capital da Noruega. Encabeçava a formação o “Blücher”, barco insígnia de Kummetz, a bordo do qual viajava também o general Engelbrecht, comandante da força de assalto, integrada por 2.000 homens.
As 4 da madrugada do dia 9 de abril, os vigias da fortaleza da ilha de Oscarsborg avistaram a frota alemã.
Pouco depois, ouvia-se os canhões de Oscarsborg - artilharia da Fortaleza de Kopas, situada na margem oposta do fiorde. Apanhado entre dois fogos, o “ Virgo” Não tinha salvação. Os noruegueses deram o golpe de misericórdia, com uma descarga de torpedos. Convertido em imensa fogueira “Blücher” afundou em poucos minutos, sepultando nas águas geladas do fiorde mais da metade de sua tripulação. O Almirante Kummetz e o general Engelbrecht conseguiram nadar para a costa e foram aprisionados pelos noruegueses. O ataque naval a Oslo havia fracassado.

Fortaleza de Oscarsborg 

Às 9:30 da manhã, o rei Haakon VII, acompanhado por seus ministros, sua família e os membros do Parlamento, abandonou a capital e dirigiu-se para a cidade de Hamar, situada a cerca de 200 quilômetros ao norte de Oslo. Atrás da comitiva partiu uma frota de caminhões levando todo o ouro do banco da Noruega e os documentos secretos do Governo.
Ao ter notícia da derrota sofrida pela esquadra, o embaixador alemão enviou mensagem urgente a Berlim. Sem demora, foi enviada, então, uma esquadrilha de transporte Junkers carregada de soldados, ao aeródromo de Fornebu, próximo a Oslo.
Ao meio-dia e apesar do mau tempo, cinco companhias de paraquedistas e tropas aerotransportadas haviam conseguido desembarcar em Fornebu. Aproveitando a confusão e o pânico reinante em uso, essa reduzida força, precedida por uma improvisada banda de música, entrou marchando tranquilamente na capital e se apossou de todos os pontos estratégicos, sem disparar um só tiro.

Haakon VII, o rei da Noruega

A Dinamarca sucumbe

Simultaneamente ao ataque Noruega, os alemães levaram a cabo a ocupação da Dinamarca. A operação se realizou rapidamente e sem sofrer qualquer tropeço. Pouco antes da saída do Sol, em 9 de abril, entrou surpreendentemente na Bahia de Copenhagen o Cruzador auxiliar “Hansestadt Danzig”, escoltado por dois patrulheiros. O barco passou sem dificuldades pelas baterias do forte que guardavam o porto e foi atracar junto ao molhe de Langelinie, bem junto ao centro da cidade.
Enquanto as tropas desembarcavam “Hansestadt Danzig” ocupavam a capital, forças motorizadas da Wehrmacht cruzaram a fronteira dinamarquesa na península da Jutlândia e se aproximaram, sem achar maior resistência, das principais cidades e aeródromos do país. Três flotilhas da Kriegsmarine se apoderaram, por sua vez, dos portos mais importantes.

Tropas desembarcando do Hansestadt Danzig

          Em Copenhagen, os soldados da Guarda real ofereceram Uma Breve resistência às tropas alemãs. Trocaram-se alguns disparos e um dos Sentinelas do Palácio morreu no combate. Finalmente, o rei Christian, considerando que toda a resistência era inútil, ordenou o comandante em chefe do exército, General Pyor, que largassem as armas.
A ousada operação, que custou aos alemães a perda de apenas 20 homens entre mortos e feridos, permitiu a Luftwaffe se ocupar os estratégicos aeródromos da Dinamarca, dos quais haveria de realizar as operações da Wehrmacht no Sul e no centro da Noruega.

Rei Christian da Dinamarca

Referências bibliográficas:
Texto integral da obra: A segunda guerra mundial, Editora Codex S.A. Copyright 1965/66.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

WWII (Parte 17) - A invasão e o plano Wilfred

O plano Wilfred

Enquanto Hitler ultimava os planos da invasão da Noruega, os aliados por seu lado, resolviam intervir na península escandinava, a fim de interromper os envios de ferro sueco para a Alemanha, através do porto norueguês de Narvik.
Paul Reynaud, que em 20 de março havia substituído Daladier, à frente do governo francês, converteu-se no principal promotor da operação. Em 27 de março, viajou para Londres e no outro dia conseguiu, na conferência que manteve com os chefes políticos e militares inglêses, convencer Chamberlain da necessidade vital de minar às águas costeiras norueguesas. Nessa reunião, ficou decidido levar em prática o plano de Churchill de lançar minas fluviais no Reno, a fim de interromper a navegação daquele rio. A operação contra a Noruega, batizada com o nome chave de Wilfred, sofreria, porém, um novo adiamento.

Paul Reynaud

Ao regressar a Paris, Reynaud submeteu imediatamente a consideração do gabinete o resultado da conferência de 28 de março. A maioria dos ministros e o presidente da república, Albert Lebrun, se opuseram terminantemente ao projeto britânico de lançar minas no Reno, pois temiam que os alemães como represália, desencadeassem a guerra aérea contra o território francês. Reynaud, desalentado, comunicou logo a negativa do seu governo a Chamberlain. Este, enfurecido, retirou então o apoio à operação Wilfred.
 Para solucionar o conflito, Winston Churchill viajou para Paris, em 4 de abril. Após discutir o assunto com Reynaud e Daladier, decidiu abandonar o projeto do Reno e levar adiante a operação contra a Noruega. Sem mais demora telefonou a Chamberlain, a quem conseguiu convencer, a poder de enérgicos argumentos. Resolveu-se, em consequência, levar a prática a operação Wilfred, na madrugada do dia 8 de abril.
 Os chefes militares aliados, entretanto, haviam concordado em armar uma força expedicionária, a fim de ocupar os portos de Narvik, Stavanger e Trondheim, se os alemães, como se previa, desembarcassem no sul da Noruega. Posteriormente, essas tropas cruzariam a fronteira sueca e se apoderariam das jazidas de ferro daquele pais.
 Enquanto os aliados se preparavam para a operação Wilfred, navios alemães, carregados de soldados, já navegavam a toda maquina, rumo a costa escandinava.


A invasão


Para a conquista da Noruega, a Kriegsmarine organizou uma força de ataque integrada pela quase totalidade de seus navios. Dita esquadra, comandada pelo vice-almirante Gunther Lutjens, dividiu seus efetivos em cinco esquadras, cada uma das quais transportando as unidades de assalto do exército, destinadas a ocupar os portos de Narvik, Trondheim, Bergen, Kristiansand e Oslo. A conquista do porto de Stavanger e do próximo Aeroporto de Sola, o mais importante do Noruega, seria realizado por paraquedistas e tropas aerotransportadas.

Mapa da Noruega em 1940, mostrando as posições
que os alemães iriam ocupar
  
Uma esquadra de proteção, integrada pelos encouraçados “Gneiseneau" e “Scharnhorst" este último barco com insígnia do vice-almirante Lutjens, escoltaria os grupos encarregados da ocupação de Narvik e Trondheim. A fim de assegurar o abastecimento das tropas que seriam desembarcados nesses portos distantes, foram enviadas para ali, antecipadamente, 7 cargueiros e 3 petroleiros. Outra frota, integrada por 15 grandes barcos mercantes, teria a seu cargo o transporte do grosso do exército de von Falkenhorst, integrado por mais de 50 mil soldados, aos portos do Sul, Bergen e Oslo, logo que eles fossem conquistados pelas tropas de assalto.
Mediante a ocupação dos aeródromos da Dinamarca, a Luftwaffe estaria em condições de estender o raio de ações de seus bombardeiros caças, o que asseguraria a total supremacia aérea alemã sobre o sul e o centro da Noruega.
O temerário plano de invasão baseava-se fundamentalmente na surpresa e na rapidez com que haveriam de ser realizadas as primeiras ocupações. Só 9 mil soldados, providos exclusivamente de armas portáteis, compunham a força de assalto encarregada de levar à prática o ataque inicial. Em 8 de Abril de 1940, às 5:00 da manhã, os aliados puseram em marcha a operação e Wilfred. A essa hora, os embaixadores da Grã-bretanha e da França foram recebidos pelo surpreendido ministro das relações exteriores norueguês, Halvlan Koht, ao qual anunciaram que nesse preciso instante uma esquadra de destroiers britânicos haviam começado a minar a entrada do porto de Narvik. A rota do ferro estava cortada.

Destróieres britânicos minando as águas norueguesas
           
Enquanto os ingleses terminavam a colocação do campo de minas nos fiordes, a frota alemã do Almirante Lutjens se aproximava a toda máquina de Narvik.
Na manhã do dia anterior, 7 de Abril, aviões de patrulha da RAF haviam avistado a vanguarda da esquadra alemã, navegando velozmente para a costa da Noruega. Sem demora, uma esquadrilha de bombardeiros Wellington partiu para interceptar e, ás 13:25, avistou os barcos alemães e se lançou ao ataque. Dois aviões foram derrubados pelo fogo antiaéreo e os restantes voltaram as suas bases, depois de procurar infrutiferamente os navios de Lutjens que, protegidos pelo mau tempo, lograram escapulir-se para o Norte.


Bombardeios britânicos Vickers Wellington

As 07:00 da noite, depois de receber a notícia do ataque dos Wellington, o almirante Forbes, chefe da frota metropolitana britânica, ordenou a seus barcos que saíssem no encalço da esquadra alemã. Os grandes couraçados "Rodney”, "repulse" e "Valiant" abandonaram o ancoradouro de Scapa Flow e dirigiram-se para a costa escandinava. No dia seguinte foi ordenado aos cruzador "Glasgow" e “Devonshire" que se unissem a frota do almirante Forbes. Rapidamente, foram desembarcados desses barcos os soldados britânicos que deveriam partir naquela manhã para ocupar o porto de Stavanger e a base aérea de Sola. Essa medida apressada teve funestas consequências, pois, permitiu os paraquedistas alemães apropriar-se do vital aeródromo, sem encontrar resistência.


Paraquedistas alemães

Referências bibliográficas:
Texto integral da obra: A segunda guerra mundial, Editora Codex S.A. Copyright 1965/66.




domingo, 10 de julho de 2016

WWII (Parte 16) - A conquista da Noruega

A conquista da Noruega

Na noite do dia 13 de dezembro de 1939, o Almirante Erich Raeder, comandante da Marinha de guerra alemã, teve uma entrevista secreta com Vidkun Quisling. O líder fascista norueguês comunicou-lhe que os ingleses planejavam realizar um desembarque em seu país e propôs-lhe, a fim de frustrar o projeto britânico, apoiar com seus partidários a ocupação da Noruega por tropas alemãs. Raeder, entusiasmado com a ideia, transmitiu imediatamente a Hitler a proposta de Quisling.

Adolf Hitler e o Almirante Erich Raeder
Vidkun Quisling

O ditador recebeu Quisling em 14 de dezembro e manteve com ele longa conferência, a portas fechadas. Ao término da reunião, Hitler ordenou aos chefes da Wehrmacht iniciar sem o estudo de um plano de invasão da Noruega e da Dinamarca. No momento, entretanto, não deu maior importância ao assunto, pois a sua atenção estava toda concentrada na preparação do ataque contra a França.
Devido aos sucessivos adiamentos da ofensiva na frente ocidental, Hitler, em 27 de janeiro, volta ao projeto da Noruega e ordena ao Marechal Wilhelm Keitel que constitui um grupo de estudo integrado por oficiais das três forças armadas e um representante do serviço secreto. Esta pequena equipe, dirigida pelo Almirante Krancke, deu início ao planejamento da operação Weseruebung, palavra-chave que designava a invasão da Noruega e Dinamarca. Seus trabalhos são mantidos em absoluto sigilo e realizado sobre a supervisão direta de Hitler.

Marechal de campo Wilhelm Keitel

Um fato inesperado leva finalmente o ditador a pôr em prática a invasão. Em 16 de Fevereiro, um destróier britânico, seguindo ordens de Churchill, ataca em Águas territoriais norueguesas, o transporte alemão “Altmark”, navio auxiliar do encouraçado “Graf Spee”, que conduz a bordo 300 marinheiros aliados capturados no Atlântico Sul e, após um curto combate, consegue resgatar os prisioneiros. Ao receber a notícia, Hitler ordena, enfurecido, que Keitel acelere os preparativos para realizar, o quanto antes, a operação Weseruebung.

Návio alemão "Altmark"

Na manhã de 21 de fevereiro, Hitler recebeu o general Nikolaus von Falkenhorst e lhe confiou o comando das forças que interferiram na invasão. O veterano General preparou, nessa mesma tarde, em seu quarto de hotel, um esboço do plano de operações, valendo-se, na ausência de mapas, de um guia turístico da Noruega. O ataque seria realizado por cinco divisões, cada uma das quais ocuparão os cinco principais portos noruegueses: Oslo, Stavanger, Trondheim, Bergen e Narvik. Hitler aprovou plenamente o projeto.
A partir desse momento, acontecimentos se precipitam. Em 1º de março, Hitler determinou as diretivas finais para a invasão e, dois dias mais tarde, decidiu que o ataque contra a Noruega teria que se realizar antes da ofensiva da frente ocidental. Para isso, se dispôs a aumentar as forças de Falkenhorst até um total de 9 divisões. Em 9 de março, a Marinha terminou o seu plano de operações e as tropas começaram a se concentrar nos portos do Norte da Alemanha e na fronteira com a Dinamarca. Tudo estava pronto para o ataque. Finalmente na tarde de 2 de abril e após manter uma longa conferência Falkenhorst, Raeder e Goëring, Hitler fixou a data da invasão: 9 de abril às 5:20 da manhã.

Referências bibliográficas:

Texto integral da obra: A segunda guerra mundial, Editora Codex S.A. Copyright 1965/66.

terça-feira, 28 de junho de 2016

WWII (Parte 15) - O armistício finlandês

O armistício

Em 6 de Março, uma delegação finlandesa viajou para Moscou e, no dia seguinte, iniciou as negociações que encerraram o combate. Em 13 de Março, cessou o fogo em todas as frentes.
De acordo com as exigências de Stalin, todo o Ístmo da Carélia, os territórios situados sobre o Oceano Ártico e o Porto de Hangö, no Mar Báltico, passarão ao domínio da União Soviética. O conflito teve graves e decisivas consequências. Com o início da invasão soviética, os governos francês e britânico, pressionados pelo clamor popular, planejaram enviar uma força expedicionária a Finlândia. A guerra chegou ao fim e as tropas não embarcaram. Os aliados adotaram o novo plano. As tropas seriam desembarcadas na Noruega, com a missão de ocupar o porto de Narvik e as jazidas de ferro do Norte da Suécia. Desta forma, serão interrompidos os embarques do mineral para a Alemanha. Hitler, ao ser informado da operação, ordenou os seus generais a imediata conquista da Noruega.

Molotov assina o tratado de paz entre União Soviética e Finlândia

Armistício Russo - Finlandês

A delegação finlandesa que, no dia 6 de março de 1940, viajou para Moscou, iniciou de imediato as tentativas destinadas a deter a luta.
De acordo com os termos do armistício, no dia 13 de março cessou o fogo em todas as frentes.

Rússia e Finlândia assinam um tratado de paz diz o jornal

As condições de paz eram as seguintes:

a)    Cessação imediata das hostilidades.
b)    Cessão a Rússia de todo o Ístmo da Carélia, incluindo Viborg e alguns municípios ao largo da frente oriental do país. (As zonas foram escolhidas de modo tal que a Rússia conseguiu uma posição estratégica privilegiadas sobre a Finlândia, por que obtinha uma saliência no lugar onde o país era mais estreito).
c)    Cessão à Rússia de Petsamo.
d)    Arrendamento a Rússia da península e o porto de Hangö, no mar Báltico.
e)    Controle, por parte da Rússia, de todo o golfo da Finlândia e também da capital finlandesa, Helsinki.
f)     Cooperação na construção de uma ferrovia que iria de Kandalahti até Tornea, fronteira da Suécia. (Está ferrovia, construída por razões comerciais, seria de grande importância estratégica).

Referências bibliográficas:

Texto integral da obra: A segunda guerra mundial, Editora Codex S.A. Copyright 1965/66.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

WWII (Parte 14) - Batalha final na Finlândia

Mannerheim ordena a retirada

Na noite do dia 14 de fevereiro, o Marechal Mannerheim convocou uma reunião de todos os comandantes das unidades empregadas no Ístmo da Carélia. Durante várias horas os oficiais discutiram calorosamente sobre como fazer para salvar o exército do Ístmo de uma completa destruição.
A dramática conferência realizou-se no posto de comando do general Oestermann, situado a sete quilômetros da frente de combate. À distância, retumbava o incessante fogo da artilharia russa.
Os chefes dos regimentos que combatiam na primeira linha pronunciaram-se, na maioria, por uma retirada geral das unidades do setor ocidental e central para uma nova posição situada ao norte do porto de Viborg. Sabia que as suas tropas estavam no limite da capacidade de resistência e que os dizimados batalhões não demorariam em desintegrar-se ante os demolidores ataques soviéticos.
O chefe do estado-maior, entretanto, se opôs a essa retirada, pois considerava que se poderia organizar a defesa ao sul de Viborg, salvando assim estratégico porto.
O Marechal Mannerheim não tomou, nessa noite, nenhuma decisão. Abrigava ainda há esperança de conter a ofensiva soviética, mediante o contra-ataque de duas divisões de reforço que se achavam em marcha, vindas do Norte. Essas unidades, porém, tardaram demais, porque os trens que os conduziram foram atacados pelos aviões russos e elas tiveram que desembarcar e percorrer até os últimos 100 quilômetros que as separavam da frente.
Em 15 de fevereiro, Timoshenko redobrou os ataques na cunha aberta ao leste de Suma e a penetração estendeu-se até o ponto limite da ruptura.

Jornal da época informado que os russos estão se
aproximando das principais estradas de Viborg.

Mannerheim compreendeu que chegará ao fim. No dia 15, ordenou a retirada dos exércitos do setor ocidental e central do Ístmo para a posição defensiva situada no Sul de Viborg. Deslocando-se durante a noite, através dos bosques e pântanos gelados, os finlandeses conseguiram alcançar sem dificuldade a segunda linha de resistência.
Ao amanhecer do dia 17 de fevereiro, os soldados soviéticos descobriram que os finlandeses tinham abandonado a linha Mannerheim. Timoshenko, sem demora, ordenou avançar e, nessa mesma tarde, as suas forças tomaram contato com uma nova posição. Os russos lançaram-se imediatamente ao ataque, mas, foram rechaçados.

Dois soldados soviéticos mortos com o frio incessante da Finlândia

 A batalha final

Depois de três dias de violentos combates, Timoshenko compreender o que os finlandeses, mesmo depois de terem perdido os lances principais da linha Mannerheim, ainda estavam em condições de prosseguir a luta.
A primavera estava próxima e, com o degelo, os milhares de lagos e pântanos se tornariam insuperáveis obstáculos para o deslocamento dos tanques e veículos motorizados. Por isso, o Marechal Voroshilov procurou terminar rapidamente a campanha influenciou as forças finlandesas no Ístmo, atacando-as pela superfície gelada do Golfo da Finlândia.
Os russos contavam com uma vantajosa posição de partida, pois, nos primeiros dias de guerra, se haviam apoderado das ilhas de Sursari, Lavansari e Seiskiari, a menos de 50 quilômetros da costa finlandesa. Nessas Ilhas, concentraram os efetivos para o ataque. Além disso, propunham se passar a Baía de Viborg, que estava coberta também por uma camada de gelo, de um a dois metros de espessura.
Como prelúdio a ofensiva, duas divisões russas atacaram a fortaleza de Koivisto, na margem meridional da Baia de Viborg, e, após três dias de violentos combates, desalojaram a guarnição. Em 25 de Fevereiro, os russos internaram-se na Baía, precedidos por fortes formações de tanques. Da Costa setentrional, os finlandeses romperam fogo com os seus canhões de 30,5 centímetros. As gigantescas granadas, ao explodir, abriram enormes sucos no gelo, pelos quais desapareceram, afundando-se nas águas geladas, companhias inteiras de soldados em centenas de tanques e caminhões.

Tanque T-26 avançando pelo Ístmo da Carélia

Em 1º de março, os russos estabeleceram-se ao longo da costa setentrional e ali concentraram a sua artilharia. Três dias mais tarde, começou o ataque. Seis divisões lançaram seu assalto contra as trincheiras, defendidas por 12 batalhões de soldados finlandeses.
Nesse mesmo dia, os russos avançaram pela primeira vez através do Golfo da Finlândia. Em sucessivas ondas, atacaram os redutos da costa defendida por 5 batalhões finlandeses, apoiados por unidades de milicianos. Novamente, foram derrotados. Para reforçar as suas divisões, os soviéticos abriram caminho através da neve que cobre a superfície gelada do Golfo, com uma camada de 2 metros de espessura. E foi através dessas improvisadas estradas, que se deslocaram tanques, caminhões e tratores, levando peças de artilharia e trenós, carregados de soldados e munições.
Ante tão gigantesco avanço de forças, a Finlândia teria inexoravelmente de sucumbir.
Em 7 de Março, duas divisões soviéticas alcançaram a margem setentrional da Baía de Viborg. Timoshenko concentrou a sua artilharia nesse setor e desencadeou um bombardeio infernal. Dois dias depois, os russos aprofundaram a cabeça-de-ponte e cortaram com fogo dos seus canhões o caminho entre Viborg e Helsinki.


Cidade de Helsinki em chamas com os ataques soviéticos

         No Ístmo da Carélia, 10 divisões russas, apoiadas por duas brigadas de tanques, conseguiram romper as linhas finlandesas e abriram uma brecha de 20 quilômetros de extensão ao leste de Viborg. Lutando desesperadamente, as tropas de Mannerheim empreenderam a retirada. Em 3 de Março, seis divisões soviéticas lançaram-se contra Viborg e travaram furiosos combates com sobreviventes de três regimentos finlandeses.
Mannerheim e os seus generais compreenderam que a guerra estava definitivamente perdida. O exército finlandês esgotará totalmente a sua capacidade combativa.

Referências bibliográficas:
Texto integral da obra: A segunda guerra mundial, Editora Codex S.A. Copyright 1965/66.




terça-feira, 14 de junho de 2016

WWII (Parte 13) - A ofensiva de Voroshilov

A ofensiva de Voroshilov

Ao terminar dezembro, os finlandeses haviam conseguido rechaçar a invasão soviética em todas as frentes. Stalin, enfurecido pela inesperada derrota, decidiu nomear comandante-em-chefe o Marechal Voroshilov, este reorganizou as forças que combatiam na Finlândia e forçou poderosamente os seus efetivos. Um novo exército, o XIII, foi destacado para o Ístmo da Carélia. E todas as forças desse setor ficaram sob o comando do General Timoshenko.

Josef Stalin ao lado do Marechal Kliment Voroshilov

Durante todo o mês de janeiro de 1940, os russos levaram a cabo incursões e golpes sobre a linha Mannerheim, a fim de impedir a reparação das fortificações e desgastar as forças finlandesas. Finalmente, na manhã de 5 de fevereiro, foi iniciada a ofensiva. Milhares de canhões de todos os calibres bombardearam, durante sete horas consecutivas, as posições finlandesas no setor ocidental do Ístmo da Carélia.

Canhão de artilharia russa

Ao cessar o bombardeio, três divisões russas lançaram-se ao assalto, precedidos por uma formação de 100 tanques. Ocultando-se nas crateras das bombas e nas trincheiras em ruínas, os sobreviventes de três batalhões finlandeses resistiram a investida. Milhares de russos pereceram sobre o fogo incessante de suas metralhadoras e fuzis. Alguns tanques romperam a defesa, mas, foram destruídos com bombas molotov e granadas.
Durante os dias 8,9 e 10, repetiram-se os assaltos e as terríveis perdas. Alguns batalhões de paraquedistas foram lançados por trás das linhas finlandesas, mas, não tardaram a ser aniquiladas. Timoshenko, sem se preocupar com as milhares de baixas, continuou descarregando demolidores golpes contra a linha Mannerheim. Ao anoitecer do dia 10, os seus soldados encontravam-se combatendo contra os últimos redutos.

A guerra de inverno não dava trégua para nenhum dos lados

 O ataque decisivo

Esmagadora ofensiva dos dias 8 a 10 não era senão o prelúdio do ataque decisivo. No domingo, 11 de fevereiro, às 8:30 da manhã, 320 canhões, concentrados em estreita faixa de 4 quilômetros, desencadearam um bombardeio arrasador. Em poucas horas, mais de 300 mil granadas caíram sobre as trincheiras finlandesas. Sobre a cobertura deste fogo infernal, um batalhão de tanques russos providos de lança-chamas, introduziu-se nas defesas e destruiu as principais casamatas. Um grupo de 70 tanques conseguiu, finalmente, romper as linhas, através de um pântano que se achava coberto de gelo. Ali, não existia praticamente defesa e os soviéticos conseguiram introduzir uma cunha de cerca de 3 quilômetros de profundidade. Os infantes finlandeses lançaram-se contra os blindados, esquivando-se do fogo das suas metralhadoras e canhões, a fim de destruí-los com cargas explosivas. Os russos, no entanto, haviam astutamente coberto os seus tanques com redes de aço, que os protegiam contra as explosões das granadas. A penetração soviética ficou assim assegurada.

Canhão russo 203-mm B-4 howitzer modelo 1931

Durante 5 dias, o ataque prosseguiu com fúria renovada, nos arredores de Suma. Os finlandeses empenharam na luta as suas últimas reservas, mas, não conseguiram reconstruir as linhas. Lenta, mas inexoravelmente, os russos continuaram avançando, aniquilando uma posição após outra.
Era o momento crucial da campanha. A frente ameaçava ruir em questão de horas.

Batalha sem tiro

Dois batalhões finlandeses cobrem a fronteira, defendendo-se desesperadamente do ataque da divisão de infantaria russa 139. À noite, amparado pelas trevas, os grupos de vanguarda russos caem sobre os finlandeses, pela retaguarda. Os defensores, surpreendidos pelo inesperado ataque sofrem uma momentânea desorganização, mas refazem as suas fileiras. Enquanto os combatentes mantêm-se firme na frente, os cozinheiros, motoristas, assistentes, rádio telegrafista armeiros etc. sem disparar um só tiro utilizando baionetas e facas, atacam os russos em sangrento corpo a corpo. Os atacantes são obrigados a renunciar as armas de fogo porque a escuridão é impenetrável e o terreno é desconhecido. O combate é travado com armas brancas. Silenciosamente, várias centenas de homens lutam durante uma longa hora. Só gemidos isolados assinaram as baixas de um ou outro lado. Por fim, caçadores de nascença, os finlandeses impõem a sua habilidade no manejo da faca e no aproveitamento do terreno. O batalhão soviético, na singular batalha em que não foi disparado o único tiro, é aniquilado.

Soldado finlandes com sua arma e na ponta uma Baioneta

Referências bibliográficas:

Texto integral da obra: A segunda guerra mundial, Editora Codex S.A. Copyright 1965/66.

domingo, 12 de junho de 2016

WWII (Parte 12) - A batalha do Ístmo

A batalha do Ístmo

Ás 7 horas do dia 30 e novembro de 1939, o general Timoshenko lançou as suas forças ao ataque. Mais de meio milhão de soldados, apoiados por milhares de tanques e aviões, cruzaram a fronteira, confiados em que conseguiriam aniquilar em poucos dias as tropas de Mannerheim. Os finlandeses, entretanto, oporiam encarniçada resistência e assombrariam o mundo ao obter uma série de brilhantes e repetidas vitórias sobre os poderosos exércitos russos.

General Semyon Konstantinovich Timoshenko

Tal como fora planejado, o principal ataque soviético teve lugar no Ístmo da Carélia. Após vencer as forças finlandesas de vanguarda e ultrapassar os campos minados e os obstáculos interpostos no seu caminho, as divisões russas colocaram-se frente as fortificações da linha Mannerheim. Esta ocupava uma extensão de 125 km e se apoiava nas margens de três grandes lagos: Muola, Vouski e Suvanto. Contava com 90 grandes casamatas de cimento armado, unidas por uma intrincada rede de trincheiras, redutos, ninhos de metralhadoras e refúgio escavados em terra e reforçados com grossos troncos. Possuía um extenso e profundo cordão defensivo formado por fossos antitanques, campos minados e redes de arame farpado.

Alguns obstáculos da Linha Mannerheim

No dia 6 de dezembro, o VII exército soviético começou o ataque com uma série de operações ao longo de toda a linha, a fim de reconhecer os pontos fracos da defensiva. Finalmente, Timoshenko decidiu lançar uma poderosa ofensiva sobre a região oriental do Ístmo, no setor da cidade de Taipale, situada às margens do Lago Ladoga.
A operação foi executada pelo corpo de exército do general Grendal, integrado por quatro divisões de infantaria e um corpo mecanizado. Entre os dias 6 e 13 de dezembro, Grendal desencadeou 16 violentos ataques sobre Taipale.
Apoiados pelo fogo de centenas de canhões, os infantes russos avançaram em formação cerrada sobre as posições dos finlandeses.  Estes rechaçaram os ataques, mas, sofreram perdas aniquiladoras. Alguns regimentos da vanguarda ficaram reduzidos a menos da metade dos seus efetivos. Taipale, porém, não caiu.

Em 16 de dezembro, Grendal concentrou toda sua artilharia em um estreito setor de 700 metros de comprimento, em frente ao Lago Suvanto. Na outra margem, os finlandeses preparam-se para enfrentar um outro ataque. Durante três horas, os canhões russos jogaram um dilúvio de fogo e aço sobre as suas posições. Ao cessar o bombardeio, os infantes soviéticos lançaram-se de baioneta calada através da superfície gelada do lago. Entrincheirados nas crateras das granadas, os finlandeses deixaram-nos aproximar-se até uma distância de 100 metros e então abriram fogo mortífero, com as metralhadoras e os fuzis. Milhares de russos caíram e os restantes bateram em retirada.

Infantaria finlandesa em uma trincheira da Linha Mannerheim

Em 19 de dezembro, Timoshenko desencadeou no centro do Ístmo o ataque decisivo. Apoiadas por várias brigadas de tanques, três divisões de Infantaria avançaram até a linha Mannerheim, numa frente de 30 quilômetros.
Durante quatro dias os finlandeses, combatendo encarniçadamente, conseguem conter os incessantes ataques da infantaria e dos blindados soviético. Mas, finalmente, viram-se obrigados a recuar. Sofrendo terríveis perdas, os russos foram apossando-se paulatinamente dos redutos e trincheiras, e em 23 de dezembro chegaram a última linha de resistência. Cheio de júbilo, Timoshenko se a prestou a ordenar o ataque final que combinaria com a ruptura da linha Mannerheim. Nesse momento crucial o general Oestermann ordenou que sua única divisão de reserva passasse imediatamente ao ataque.
Tomadas de surpresa pela violenta e investida finlandesa, os russos empreenderam a retirada e abandonaram o terreno que haviam conquistado a custo de tremendos sacrifícios. Assim terminou a primeira ofensiva Soviética no Ístmo da Carélia.


Os ataques frustrados

Ao iniciar-se a invasão russa, o porto de Petsamo, nas costas do Oceano Ártico, contava como única guarnição com uma companhia de Infantaria, armada com dois canhões modelo 1887, para enfrentar as três divisões do XIV exército soviético.
Na manhã do dia 30 de novembro, as tropas cruzaram a fronteira e avançaram lentamente através das planícies geladas. Sobre a costa, uma flotilha de cruzadores desencadeou um violento bombardeio, para apoiar o seu ataque.
Esmagados pela superioridade dos soviéticos, os finlandeses abandonaram Petsamo e deslocaram-se para o interior do país. O chefe do XIV exército destacou, então, duas das suas divisões sobre a costa e enviou uma terceira para o sul, acompanhada por um poderoso grupamento de tanques.

Soldados finlandeses em meio a imensidão gelada

Durante 15 dias, os finlandeses conseguiram paralisar a divisão soviética, com ataques de surpresa, mas, as fileiras da pequena unidade determinaram dizimadas. O comandante finlandês incorporou, então, à sua força, 400 operários das minas de níquel próximas a Petsamo e prosseguiu na resistência. Finalmente, chegaram dois batalhões de reforço e conseguiram rechaçar para o norte o inimigo. Em meio a violenta tempestade de neve e com uma temperatura de 50 graus abaixo de zero, as colunas russas deslocaram-se até a cidade de Nautsi, onde ficarão imobilizada até o final da guerra.
Na região central da Finlândia, o IX exército lançou-se ao ataque contra o centro de comunicações de Rovaniemi, Afim de cortar o país pela metade e ocupar as costas do Golfo de Bótnia. Em 17 de dezembro, duas divisões soviéticas estavam a 100 quilômetros da cidade e preparavam-se para tomada de assalto. O marechal Mannerheim determinou imediatamente o envio de reforços. Um regimento de milicianos, integrado por velhos e rapazes carentes de toda a instrução militar, dirigiu-se a Rovaniemi, onde conseguiu rechaçar os russos e pô-los em fuga. Equipando-se com as armas e tanques abandonados pelos soviéticos, os finlandeses intensificaram o ataque e avançaram até localidade de Sala, próximo à fronteira. Ali, a frente permaneceu estabilizada até o fim da guerra.
Mas para o sul, nos arredores da cidade de Suomusalmi, o general Siilasvue conquistou uma importante vitória sobre os russos. Por sua vez, na margem setentrional do Lago Ladoga, o regimento finlandês deteve um avanço de três divisões do VIII exército soviético, depois de 15 dias de sangrentos combates.

Referências bibliográficas:

Texto integral da obra: A segunda guerra mundial, Editora Codex S.A. Copyright 1965/66.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

WWII (Parte 11) - A linha Mannerheim

A distribuição das forças

Durante os meses de verão que precederam o ataque, o general Timoshenko, comandante em chefe das forças soviéticas, concentrará os efetivos de 4 poderosos exércitos sobre as extensas fronteiras da Finlândia. Pode completar sem dificuldades a manobra, utilizando a linha ferroviária Leningrado - Murmansk, nas costas do oceano Ártico. Ao longo dessa ferrovia, colocou depósitos de armamentos e provisões, que serviriam para abastecer as tropas russas destacadas nas desérticas e gélidas regiões do norte da Finlândia.
O plano de operações soviético estava habilmente concebido. Um exército, o VII, levaria a cabo a manobra decisiva da campanha na região do Ístmo da Carélia. Para isto, cantava com o grosso das forças: 11 divisões de infantaria, um corpo mecanizado e três brigadas de tanques. A sua missão queria atacar frontalmente a linha Mannerheim, cujas fortificações estendiam-se através do Ístmo da Carélia, das costas do Golfo da Finlândia às margens do Lago Ladoga. Rompida as defesas finlandesas, o VII exército conquistaria Helsinki e os ricos territórios do sul da Finlândia. Ao Norte do Lago Ladoga, outro exército, o VIII, integrado por seis divisões de infantaria, apoiaria as ações das forças russas destacadas no Ístmo da Carélia. A sua missão seria avançar para o sul e atacar pela retaguarda as divisões finlandesas que defendiam a linha Mannerheim.

Tanques soviéticos avançam na região do Ístmo da Carélia

Frente a região central da Finlândia estava o IX exército, composto por seis divisões de infantaria e uma brigada de tanques. Avançaria para o oeste, com o fim de cortar o país pela metade e ocupar os portos de Tornea e Oulu, no Golfo de Botnia. Desta maneira, a Finlândia se veria privada de suas comunicações com a Suécia e a Noruega, principais fontes de abastecimento para os seus exércitos. Ao Norte, sobre as costas do Oceano Ártico, o XIV exército, integrado por três divisões de infantaria e fortes unidades blindadas, ocuparia o porto de Petsamo, A fim de impedir o eventual desembarque de um exército auxiliar franco-britânico. Posteriormente, destacaria uma das suas divisões apoiada por tanques para ajudar no ataque do IX exército. Assim, a Finlândia atacada simultaneamente pelo norte, centro e sul, se veria obrigada a dispersar as suas reduzidas forças sobre uma frente de 1.400 quilômetros de extensão.
O exército finlandês contava apenas com 12 divisões de infantaria, um punhado de tanques antiquados e 170 aviões. A sua única vantagem era combater no seu próprio e agreste terreno, com milhares de lagos, imensos bosques e extensos pântanos os soldados finlandeses, valendo-se de esquis, destacavam-se com facilidade sobre a neve que, nos meses de inverno, cobria todo o país.

Soldados finlandeses apostos para o combate, nota-se os esquis citados no texto

Essa extraordinária mobilidade haveria de constituir-se uma das principais causas de suas surpreendentes vitórias sobre os russos.
Ao iniciar as hostilidades, o Marechal Mannerheim, devia manter-se firme em suas posições, a fim de impedir a erupção dos soviéticos sobre os territórios do sul da Finlândia, onde se encontravam concentradas as principais cidades e indústrias do país. Ao norte do Lago Ladoga e para impedir um ataque pela retaguarda das forças do General Oestermann foram colocadas duas divisões de infantaria.
Para cobrir as extensas fronteiras orientais, Mannerheim só contava, no momento de se iniciar a luta, com seus batalhões de infantaria.

Mannerheim

Janeiro de 1918. Bótnia, pequena cidade perdida na imensidade branca da Finlândia.
A guarnição russa descansa. As sentinelas, adormecidas pelo frio, apoiam-se nos fuzis. As sombras as envolvem.
Escuta-se um sinal. Um silvo leve, curto, que se interrompe duas vezes.
As sentinelas nada percebem e com isso a sua sorte fica selada.
As sombras, agilmente, arrojam-se sobre as sentinelas. Dois, três, quatro corpos caem por terra. Dois minutos depois a casa da guarda é assaltada por 20 homens. Uma hora mais tarde, os atacantes afastam-se, quase tão silenciosamente como chegaram. Deixam atrás uma guarnição dominada e desarmada. Levam fuzis e munições suficientes para pôr em pé de guerra um numeroso grupo de homens.

Uma sentinela

A frente do grupo, entrou no quartel russo um homem. É o último que sai. É dele o plano e a grande ideia motora. Ele sonha com a liberdade da sua pátria está disposto a conquistá-la. Mesmo ao preço da própria vida.
Após os homens que se afastam corre o chefe, Carl Gustaf Mannerheim.

Carl Gustaf Mannerheim

Antigo oficial da cavalaria do exército russo nasceu em junho de 1867. Filho e neto de militares, ingressou muito jovem na Escola de Cadetes. Como oficial, serviu as ordens da Rússia na guerra com o Japão. De regresso à sua Pátria, leva cinco condecorações. 1914. Estala a Primeira Guerra Mundial. Mannerheim já general, comanda uma unidade russa. A revolução bolchevique e a paz com a Alemanha decidem o seu destino. Renuncia oposto e regressa ao seu país Natal inicia a luta pela libertação. Organiza e institui um pequeno núcleo de combatentes, a base do futuro exército libertador. Armas? Nada mais fácil para Mannerheim. Um golpe audacioso e a guarnição russa de Bótnia fornece-as. Na noite de 26 para 27 de janeiro de 1918, a guerra pela libertação começa. A frente de 30 mil homens, Mannerheim lança-se à luta. A sorte o ajuda. O seu valor faz o resto. De vitória em vitória, em 16 de maio entra em Helsinki, que o recebe como libertador. Até 1931, como Marechal e Presidente do Conselho Supremo da defesa, põe em prática uma ideia que o persegue a muito tempo: a criação de uma possante linha defensiva na fronteira com a Rússia. Nasce assim a linha Mannerheim, obra mestra de engenharia militar e Bastião defensivo na guerra que estalará a alguns anos depois.

Linha Mannerheim

Lutando com a mais absoluta carência de meios, orçamentos restritos, poucos homens e materiais antiquados, a linha Mannerheim será, oito anos mais tarde, um difícil obstáculo para o poderoso rolo compressor soviético.

Referências bibliográficas:

Texto integral da obra: A segunda guerra mundial, Editora Codex S.A. Copyright 1965/66.